Países vizinhos do Malawi, como Moçambique, Zimbabué, Tanzânia e Zâmbia, na linha da frente da prioridade para a vacinação das suas crianças de forma a garantir uma barreira de imunidade a este vírus que pode causar a morte e é intensamente incapacitante.

A poliomielite, ou pólio, pode ser apenas prevenida pela vacinação, não havendo um tratamento globalmente eficaz depois da contaminação, e há muitos anos que tem presença na sua forma selvagem no Afeganistão e Paquistão, havendo registo de algumas dezenas de casos em 2018, face a mais de 350 mil em 1998, ano em que se começou uma massiva campanha global para a erradicação da doença.

O vírus da pólio existe escassamente na sua forma selvagem, sendo, apesar de escassamente, mais comum na variante vacinal, quando a infecção resulta do vírus atenuado usado para a produção da vacina.

Foi, durante o século XX, uma das doenças mais temidas em todo o mundo entre aquelas que afectam sobretudo crianças, tendo o problema sido diluído em grande medida quando, em 1950, surgiu a primeira vacina eficaz e segura, primeiro a de Jonas Salk, injectada, e depois a de Albert Sabin, oral, que é hoje a usada em todo o mundo.

Este caso detectado no Malawi, o primeiro desde 1992, segundo a Organização Mundial de Saúde, está ligado a uma variante que circulou no Paquistão, em 2019, e a sua contenção é uma prioridade para esta agência das Nações Unidas.

A campanha de vacinação abrange crianças com idade igual ou inferior a cinco anos.

Esta situação no Malawi é inquietante porque é o primeiro caso em 30 anos e surge numa parte do continente que estava certificada como estando livre do vírus desde 2020 na sua forma selvagem, porque na forma vacinal, periodicamente ocorrem casos, como sucede em Angola, sendo esta situação, muito rara, considerada menos grave porque resulta da infecção por vírus atenuado.

O director regional da OMS-África, Matshidiso Moeti, citado pelo The Guardian, explica que a organização agiu de imediato para garantir que estancava todas as possibilidades de este caso gerar um surto incontrolável, através da vacinação em massa das crianças na linha de risco.