Com esta missão de estabilização internacional, organizada pelos EUA, esperavam-se sinais de apaziguamento, especialmente quando o Hamas demonstra estar a cumprir o acordo de cessar-fogo, nomeadamente a parte da entrega dos corpos dos reféns.
Mas não é isso que se está a ver. Israel declarou a fronteira com o Egipto zona militar fechada, o que surgiu depois das ordens nesse sentido dadas pelo ministro da Defesa israelita, Israel Katz, que instruiu o Exército para declarar a zona fronteiriça entre Israel e o Egito como zona militar fechada.
E mais a norte, no Líbano, o movimento xiita Hezbollah reivindicou direito de se defender e rejeitou negociações com Israel
O partido armado libanês Hezbollah, que afirma respeitar o acordo de cessar-fogo desde o final de novembro de 2024, reiterou o "direito legítimo" de se defender contra Israel e rejeitou eventuais negociações políticas.
EUA convencem Conselho de Segurança
No meio deste caldo de intranquilidade, os Estados Unidos disseram que têm o apoio do Conselho de Segurança da ONU para um projecto que irá enviar uma força internacional de estabilização para a Faixa de Gaza, por pelo menos dois anos.
Na quarta-feira, avança a Lusa, a Missão dos EUA junto das Nações Unidas confirmou a apresentação da proposta, que marca o próximo passo no plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para pôr fim a dois anos de guerra.
O anúncio surgiu depois do representante dos EUA junto da ONU, Mike Waltz, se ter reunido com os homólogos dos dez países actualmente eleitos para o Conselho de Segurança: Argélia, Dinamarca, Grécia, Guiana, Paquistão, Panamá, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovénia e Somália.
O Conselho de Segurança é composto ainda por cinco membros permanentes, com direito de veto: EUA, França, Rússia, Reino Unido e China.
Num comunicado, a Missão dos EUA junto das Nações Unidas assegurou que Washington "mais uma vez apresentará resultados" no organismo, em vez de se envolver em "negociações intermináveis".
Os EUA declararam ainda que "parceiros regionais importantes apoiam a resolução do Conselho de Segurança" sobre o enclave palestiniano, após uma reunião com representantes do Egipto, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
Na rede social X, Waltz descreveu a reunião como histórica e sublinhou o forte apoio dos países.
"Tudo isto está a acontecer graças à liderança firme do Presidente [Donald Trump], que uniu as nações, trouxe os reféns de volta para casa e criou uma paz real no Médio Oriente", acrescentou o diplomata.
"As partes aproveitaram esta oportunidade histórica para pôr definitivamente fim a décadas de derramamento de sangue e concretizar a visão do Presidente de uma paz duradoura no Médio Oriente", disse a Missão dos EUA junto das Nações Unidas.
O comunicado não refere qual o dia em que a proposta norte-americana poderá ir a votação.
De acordo com dois responsáveis norte-americanos, citados pela agência de notícias Associated Press, o projecto de resolução pede que a força assegure "o processo de desmilitarização da Faixa de Gaza" e "o desarmamento permanente de armas de grupos armados não estatais".
Uma grande questão no plano, de 20 etapas, de Trump para um cessar-fogo e reconstrução do território é a forma de desarmar o movimento islamita palestiniano Hamas, que ainda não aceitou totalmente essa medida.
O projecto daria aos países que participam na força de estabilização a missão de garantir a segurança em Gaza até ao final de 2027, trabalhando com um "Conselho da Paz", que governaria temporariamente o território.
O projecto de resolução pede que a força consulte e coopere de perto com o Egipto e Israel.
O texto também afirma que as tropas de estabilização ajudariam a assegurar as áreas fronteiriças, juntamente com uma força policial palestiniana, que treinariam e avaliariam, bem como coordenar com outros países para garantir o fluxo de ajuda humanitária.
Israel declara fronteira com o Egipto zona militar fechada
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, anunciou hoje que instruiu o Exército para declarar a zona fronteiriça entre Israel e o Egipto como zona militar fechada.
De acordo com o ministro da Defesa, citado pela Lusa, a medida destina-se a combater o contrabando de armas através de aparelhos aéreos não tripulados (drones).
O comunicado de Israel Katz referiu que o Ministério da Defesa já emitiu as ordens ao Exército para designar a área junto à fronteira entre Israel e o Egipto como "zona militar fechada".
Da mesma forma ordenou a alteração das regras de empenhamento das forças israelitas na zona de fronteira com o Egito, no sul de Gaza, no sentido de combater a ameaça dos drones que, disse, põe em perigo a segurança de Israel.
"O contrabando de armas através de drones faz parte da guerra em Gaza e visa armar os nossos inimigos. Devem ser tomadas todas as medidas possíveis para o impedir", acrescentou Israel Katz.
Hezbollah reivindicou direito de se defender e rejeitou negociações com Israel
O partido armado libanês Hezbollah, que afirma respeitar o acordo de cessar-fogo desde o final de novembro de 2024, reiterou hoje o "direito legítimo" de se defender contra Israel e rejeitou eventuais negociações políticas.
Numa carta aberta dirigida à população e aos líderes do Líbano, o Hezbollah (Partido de Deus), citado pela Lusa, disse que reivindica o direito que disse ser legítimo de se defender de um "inimigo" (Israel) que acusou de manter os ataques contra território libanês.
O Hezbollah afirmou ainda oposição a quaisquer negociações políticas com Israel argumentando que os contactos "não servem o interesse nacional" do Líbano.
Israel intensificou os ataques contra o Líbano nos últimos dias, declarando intenção de impedir o movimento xiita apoiado pelo Irão de reconstruir estruturas militares.
No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou o Hezbollah de tentar "rearmar-se", e o ministro da Defesa, Israel Katz, acusou o presidente libanês de nada fazer em relação ao desarmamento do grupo armado.
O Presidente libanês, Joseph Aoun, reiterou na terça-feira a oferta de negociações com o Governo israelita, afirmando que o Governo de Netanyahu não respondeu à proposta e mantém os ataques.
O Hezbollah ficou enfraquecido após a recente guerra com Israel, e os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre as autoridades libanesas para que desarmem o grupo.
A "carta aberta" do Hezbollah, que utiliza este método de comunicação pela primeira vez, ocorre no mesmo dia em que o Governo libanês deve divulgar a actualização do plano de desarmamento.











