O Governo do Presidente Yoweri Museveni, que dirige o país desde 1986, não se pronunciou sobre este caso que está a merecer forte interesse por parte dos media internacionais devido ao estado fragilizado da democracia ugandesa e da repressão a que o poder recorre para calar as vozes discordantes.
Kizza Besigye (na foto), um médico e antigo militar ugandês, tem sido o persistente adversários eleitoral de Museveni, apoiado pelo Fórum Democrático para a Mudança (FDC), concorrendo contra ele nas eleições de 2001, 2006, 2011, e 2016, sempre derrotado por maiorias volumosas do Presidente no activo, apesar dos seus 80 anos, de quem, curiosamente, chegou a ser médico pessoal.
As eleições no Uganda têm sido sucessivamente contestadas pela oposição mas Museveni tem mantido as instituições do país, incluindo as judiciais, sob estrito controlo e sem espaço de manobra para sequer abordar a possibilidade de fraude eleitoral.
Winnie Byanyma, mulher de Kizza Besigye, citada pela Al Jazeera, refere que o Governo ugandês não informa a família do paradeiro do histórico opositor, mas adianta ter informações fidedignas de que ele está em Kampala, numa prisão militar, ao arrepio da lei e da justiça e sem acesso a um advogado sequer.
Porém, contra ele corre um processo em Kampala desde Maio de 2022 por alegado incitamento à violência durante uma manifestação contra o aumento do custo de vida no país, estando, segundo Erias Lukwago, presidente da autarquia da capital, citado pela AFP, a ser preparada a sua ida a tribunal marcial nas próximas horas.
As autoridades quenianas já afastaram quaisquer possibilidades de estarem ligadas ao rapto de Kizza Besigye, que estava no país para presenciar o lançamento de um livro, tendo esta sido a primeira vez que é detido no exterior, embora a sua passagem pelas cadeias ugandesas seja já parte do circo político nacional.
As suas detenções fazem parte das inúmeras acusações que são feitas a Museveni e ao seu regime de não respeitar os direitos humanos e de abuso de poder.