Esses bloqueios foram insuficientes para impedir que Nairobi voltasse esta quinta-feira, 08, a ser palco de vigorosos protestos contra a Governação do Presidente William Ruto, apesar deste ter, no seguimento de violentos protestos no mês de Junho, revertido a sua nova tabela de taxas que esteve na génese das manifestações.
Com o advento das redes sociais, e da informação digital, a insatisfação corre veloz como o fogo no capim seco empurrado pelo vento do cansaço de milhões de jovens africanos que não encontram esperança para enfrentar o futuro cada vez mais carregado de incerteza gerada pela instabilidade global e pelo efeito devastador das alterações climáticas.
Agora, quando o sucesso dos protestos de milhares de jovens quenianos em Junho contaminou a juventude nigeriana, país que está igualmente a viver uma vaga de protestos contra as políticas económicas do Governo de Bola Tinubo, a capital queniana volta a ficar em brasa.
As sucessivas promessas falhadas, tanto de Ruto, no Quénia, como Tinubo, na Nigéria, de combater a corrupção, recuperar o emprego, baixar a inflação e garantir a segurança, são as razões comuns a estes dois palcos de gigantescos protestos populares liderados pela juventude.
Tanto na Nigéria como no Quénia, estes protestos tendem a ganhar dimensão estrutural visto que nem sequer a retirada de algumas medidas impopulares parece estar a ser suficiente para conter a fúria dos jovens, que exigem, igualmente nos dois países, medidas mais profundas que passam pela demissão dos respectivos governos.
Num e noutro palco de protestos houve já dezenas de mortes, e, como pode ser revisitado nos links em baixo nesta página, tudo indica que a rugosidade dos protestos bem como a resposta igualmente letal da polícia é para continuar.
Há mesmo quem admita que Lagos e Nairobi podem ser o rastilho que levará à explosão do barril de pólvora social que é actualmente o continente africano, onde tarda a chegar o desenvolvimento há muito prometido.