Dois anos depois de, nos Estados Unidos, milhares de apoiantes de Donald Trump terem invadido o Capitólio, edifício que alberga o Congresso, resultando numa das mais enxovalhantes imagens da democracia norte-americana no mundo, tendo morrido várias pessoas, incluindo polícias, no Brasil repete-se um episódio semelhante.

Os milhares de apoiantes de Bolsonaro romperam as barreiras policiais e irromperam pela Esplanada dos Ministérios, que é o coração da democracia e do Governo brasileiro.

Com o Presidente Lula em São Paulo, onde se deslocou este Domingo para acompanhar o rescaldo dos efeitos devastadores de chuvas torrenciais, este episódio é um dos maiores ataques ao Estado brasileiro e tem indícios de que se trata de uma tentativa de interromper a ordem constitucional do maior país da América do Sul.

Os apoiantes radicais de Bolsonaro não tinham um porta-voz e as suas intenções não foram de imediato clarificadas, mas levaram o Presidente a interromper a sua agenda em São Paulo, admitindo alguns media do país que estaria de regresso a Brasília.

Uma das questões que estão a ser salientadas por alguma imprensa no Brasil é que o cordão policial colocado no terreno para suster a vaga de milhares de manifestantes era manifestamente insuficiente, o que põe em causa a capacidade de antecipação desta situação por parte dos serviços de "intelligentsia" brasileiros ou, como admitiram de imediato vários analistas, uma organização mais profunda deste momento histórico e sem paralelo no Brasil, concertando, inclusivé, elementos de órgãos de Defessa do Estado.

Três horas depois da invasão da Esplanada dos Ministérios, a imprensa brasileira avançava que estavam a ser mobilizados meios reforçados para conter esta onda de violência alicerçada em apoiantes de Bolsonaro que não aceitam a vitória democrática de Lula da Silva em finais de 2022 e que tomou posse no dia 01 deste mês de Janeiro de 2023.

Isto, quando estavam igualmente a ser difundidas imagens de que os manifestantes se estavam a dirigir para o Palácio do Planalto, o local de trabalho do Presidente da República, e ainda do edifíciodo Supremo Tribunal Federal, que, de seguida foram confirmadas pelos jornalistas no terreno.

Este episódio ocorre dois anos e dois dias depois dos acontecimentos em Washington, com a invasão do Congresso dos EUA por apoiantes de Donald Trump que também não aceitaram a derrota do seu candidato nas eleições realizadas menos de dois meses antes.