Sobre a Rússia, o documento revela que houve relatos credíveis de que foram cometidos vários abusos dos direitos humanos, que incluíram execuções extra-judiciais e tentativas de execuções extra-judiciais, inclusive de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queer e intersexuais na Chechênia por autoridades governamentais locais, desaparecimentos forçados por ou em nome de autoridades governamentais. Os relatos incluem tortura generalizada por policías do governo que às vezes resultava em morte e ocasionalmente envolvia violência sexual ou encarceramento psiquiátrico punitivo.
O relatório 2021 do Bureau de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho (em inglês Bureau of Democracy, Human Rights, and Labor) do Departamento de Estado norte-americano fala ainda de condições severas e com risco de vida nas prisões, prisão e detenção arbitrárias, presos e detidos políticos e religiosos, represálias politicamente motivadas contra indivíduos localizados fora do país, interferência arbitrária grave na privacidade.
Há ainda a registar repressão severa da liberdade de expressão e média, incluindo violência contra jornalistas e o uso de "anti-extremismo" e outras leis para processar dissidentes pacíficos e minorias religiosas, severas restrições à liberdade na internet; severa supressão da liberdade de reunião pacífica, severa supressão da liberdade de associação, incluindo leis excessivamente restritivas sobre "agentes estrangeiros" e "organizações estrangeiras indesejáveis".
Severas são também as restrições à liberdade religiosa, refere o relatório, que fala igualmente de repulsão de refugiados, incapacidade dos cidadãos de mudar o seu governo pacificamente através de eleições livres e justas, limites severos à participação no processo político, incluindo restrições à capacidade dos candidatos da oposição de encontrar cargos públicos e conduzir campanhas políticas, e à capacidade da sociedade civil de monitorar os processos eleitorais.
Assinalados no documento estão ainda a corrupção generalizada em todos os níveis e em todos os ramos do governo, sérias restrições governamentais e assédio a organizações nacionais e internacionais de direitos humanos, falta de investigação e responsabilização pela violência de gênero e violência contra as mulheres, tráfico de pessoas, crimes envolvendo violência ou ameaças de violência contra pessoas com deficiência, membros de minorias étnicas e religiosas e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, intersexuais e queer.
Sobre a Ucrânia, os relatores do documento publicado pelo Departamento de Estado norte-americano não traçam um melhor panorama: execuções ilegais ou arbitrárias, incluindo execuções extra-judiciais pelo governo ou seus agentes, tortura e casos de tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante de detidos por agentes da lei, condições prisionais severas e com risco de vida, prisão ou detenção arbitrária, sérios problemas com a independência do judicial, abusos graves no conflito liderado pela Rússia no Donbas, incluindo abusos físicos ou punição de civis e membros de grupos armados mantidos em centros de detenção, sérias restrições à liberdade de expressão e média, incluindo violência ou ameaças de violência contra jornalistas, prisões ou processos injustificados de jornalistas e censura, sérias restrições à liberdade na internet, expulsão de refugiados para um país onde enfrentariam uma ameaça à sua vida ou liberdade, actos graves de corrupção governamental.
No documento estão ainda registados a falta de investigação e responsabilização pela violência de género, crimes, violência ou ameaças de violência motivadas por anti-semitismo, crimes envolvendo violência ou ameaças de violência contra pessoas com deficiência, membros de grupos étnicos minoritários e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros
Contexto da guerra na Ucrânia
A 24 de Fevereiro as forças russas iniciaram a invasão da Ucrânia por vários pontos, tendo o Presidente russo dito que se tratava de uma "operação especial", sublinhando que o objectivo não é a ocupação do país vizinho mas sim a sua desmilitarização e assegurar que Kiev não insiste na adesão à NATO, o que Moscovo considera parte das suas garantias vitais de segurança nacional, criticando fortemente o avanço desta organização de defesa para junto das suas fronteiras, agregando os antigos membros do Pacto de Varsóvia, organização que também colapsou com a extinção da URSS, em 1991.
Moscovo visa ainda garantir o reconhecimento de Kiev da soberania russa da Península da Crimeia, invadida e integrada na Rússia, depois de um referendo, em 2014, e ainda a independência das duas repúblicas do Donbass, a de Donetsk e de Lugansk, de maioria russófila, que o Kremlin já reconheceu em Fevereiro.
Do lado ucraniano, a visão é totalmente distinta e Putin é acusado de estar a querer reintegrar a Ucrânia na Rússia como forma de reconstruir o "império soviético", que se desmoronou em 1991, com o colapso da União Soviética.
Kiev insiste que a Ucrânia é una e indivisível e que não haverá cedências territoriais como forma de acordar a paz com Moscovo.
Esta guerra na Ucrânia contou com a condenação generalizada da comunidade internacional, tendo a União Europeia e a NATO assumido a linha da frente da contestação à "operação especial" de Putin, que se materializou através de bombardeamentos das principais cidades, por meio de ataques aéreos, lançamento de misseis de cruzeiro e artilharia pesada, e com volumosas colunas militares a cercarem os grandes centros urbanos do país.
Na reacção, além da resistência ucraniana, Moscovo contou com o maior pacote de sanções aplicadas a um país, que está a causar danos avultados à sua economia, sendo disso exemplo a queda da sua moeda nacional, o rublo, que chegou a ser superior a 60%, embora já tenha, entretanto, recuperado.
Estas sanções, que já levaram as grandes marcas mundiais a deixar a Rússia, como as 850 lojas da McDonalds, a mais simbólica, abrangem ainda os seus desportistas, artistas, homens de negócios, a banca e grande parte das suas exportações, ficando apenas der fora o sector energético, gás natural e petróleo...
Milhares de mortos e feridos e mais de 4 milhões de refugiados nos países vizinhos da Ucrânia são a parte visível deste desastre humanitário.
O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página.