Esta votação, sobre uma resolução dos EUA que promoveu a suspensão da Rússia por "violação dos Direitos Humanos" na guerra da Ucrânia, contou com um conjunto de votos contra de países importantes no concerto das Nações, como a China, e abstenções de outros como a Índia, Brasil, Arábia Saudita e África do Sul.
A Assembleia-Geral da ONU votou para a suspensão da Rússia do CDH da ONU durante a tarde desta quinta-feira, 07, tendo por base a presunção de que Moscovo está a cometer graves falhas no capitulo dos Direitos Humanos nos mais de 40 dias que já dura a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia a 24 de Fevereiro.
A votação conseguiu os 2/3 necessários para passar.
Em África, os países que votaram contra a suspensão da Rússia do CDH da ONU foi a Argélia, Burundi, RCA, Congo, Eritreia, Etiópia, Gabão, Mali e Zimbabué.
As abstenções, entre estas Angola, Botswana, Cabo Verde, Camarões, Egipto, Eswatini, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Quénia, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Senegal, África do Sul, Sudão do Sul, Sudão, Togo, Tunísia, Uganda e Tanzânia.
A favor votaram Chade, Comores, Costa do Marfim, RDC, Libéria, Líbia, Malawi, Maurícias, Seicheles e Serra Leoa.
Saíram da sala para não votar, Benim, Burkina Faso, Djibuti, Guiné-Equatorial, Guiné-Conacri, Mauritânia, Marrocos, Ruanda, STP, Somália, Zâmbia,
Na primeira reacção a esta decisão, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitry Kuleba, congratulou-se, via Twitter, afirmando que Os "criminosos de guerra não têm lugar em organismos das Nações Unidas" que têm por função primeira a protecção dos Direitos Humanos.
Esta decisão foi, entretanto, enquadrada pela Rússia como "mais uma acção política" protagonizada por países que procuram dar continuidade a "políticas neo-coloniaiistas no âmbito dos Direitos Humanos".
Gannady Gatilov, o embaixador da Rússia nesta órgão da ONU, em Genebra, definiu a resolução proposta pelos Estados Unidos "infundada e uma demonstração puramente emocional que fica bem em frente às câmaras de televisão", acusando Washington de estar a "explorar o problema na Ucrânia para seu benefício".
E a guerra prossegue
Entretanto, no terreno, a guerra soma e segue, com as forças ucranianas que retiraram do norte, das imediações de Kiev, a dirigirem-se para leste, onde os analistas, e as autoridades militares russas também o anunciaram, vai ter lugar a frente de batalha decisiva.
Isto, porque Moscovo já determinou que vai concentrar o seu poder de fogo na libertação total das repúblicas do Donbass, a de Donetsk e a de Lugansk, onde, como é afirmado pelos analistas militares, a Ucrânia tem o grosso das suas forças de maior capacidade combativa, desde 2014, quando os nacionalistas anunciaram a sua intenção independentista desta área geográfica do leste ucraniano pró-russo, e ainda próxima da Crimeia, que, após referendo, Moscovo anexou também em 2014.
Perto de 60 mil homens, os melhor preparados e equipados, da Ucrânia, deverão enfrentar as forças russas reagrupadas, que visam uma rápida vitória militar, aproveitando a dificuldade de reabastecimento dos ucranianos, de forma a que as comemorações do 09 de Maio, o dia da libertação e da vitória soviética sobre os nazis de Hitler, em 1945, decorram sem a sombra de uma possível derrota histórica da Rússia na Ucrânia.
Esta vitória-relâmpago é ainda fundamental para que a Rússia possa dar por completa a sua tomada da costa do Mar de Azov, sendo que ainda falta terminar a operação de tomada da cidade estratégica de Mariupol, onde decorrem os piores combates desta guerra que já vai em 40 dias.
Nos países vizinhos, apesar de em muito menor número, continuam a fluir milhares de refugiados para os países vizinhos, como a Polónia e a Hungria...
Contexto da guerra na Ucrânia
A 24 de Fevereiro as forças russas iniciaram a invasão da Ucrânia por vários pontos, tendo o Presidente russo dito que se tratava de uma "operação especial", sublinhando que o objectivo não é a ocupação do país vizinho mas sim a sua desmilitarização e assegurar que Kiev não insiste na adesão à NATO, o que Moscovo considera parte das suas garantias vitais de segurança nacional, criticando fortemente o avanço desta organização de defesa para junto das suas fronteiras, agregando os antigos membros do Pacto de Varsóvia, organização que também colapsou com a extinção da URSS, em 1991.
Moscovo visa ainda garantir o reconhecimento de Kiev da soberania russa da Península da Crimeia, invadida e integrada na Rússia, depois de um referendo, em 2014, e ainda a independência das duas repúblicas do Donbass, a de Donetsk e de Lugansk, de maioria russófila, que o Kremlin já reconheceu em Fevereiro.
Do lado ucraniano, a visão é totalmente distinta e Putin é acusado de estar a querer reintegrar a Ucrânia na Rússia como forma de reconstruir o "império soviético", que se desmoronou em 1991, com o colapso da União Soviética.
Kiev insiste que a Ucrânia é una e indivisível e que não haverá cedências territoriais como forma de acordar a paz com Moscovo.
Esta guerra na Ucrânia contou com a condenação generalizada da comunidade internacional, tendo a União Europeia e a NATO assumido a linha da frente da contestação à "operação especial" de Putin, que se materializou através de bombardeamentos das principais cidades, por meio de ataques aéreos, lançamento de misseis de cruzeiro e artilharia pesada, e com volumosas colunas militares a cercarem os grandes centros urbanos do país.
Na reacção, além da resistência ucraniana, Moscovo contou com o maior pacote de sanções aplicadas a um país, que está a causar danos avultados à sua economia, sendo disso exemplo a queda da sua moeda nacional, o rublo, que chegou a ser superior a 60%, embora já tenha, entretanto, recuperado.
Estas sanções, que já levaram as grandes marcas mundiais a deixar a Rússia, como as 850 lojas da McDonalds, a mais simbólica, abrangem ainda os seus desportistas, artistas, homens de negócios, a banca e grande parte das suas exportações, ficando apenas der fora o sector energético, gás natural e petróleo...
Milhares de mortos e feridos e mais de 4 milhões de refugiados nos países vizinhos da Ucrânia são a parte visível deste desastre humanitário.
O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página.