Os três últimos casos conhecidos, com uma morte confirmada, foram diagnosticados no dia 16, na área de Butsilie, próximo da cidade de Beni, no leste da RDC, país com o qual Angola partilha uma fronteira de perto de 2.500 kms.
Perante este regresso do Ébola a esta região da RDC, onde a última epidemia, a 12ª que ocorreu na RDC, também no Kivu Norte, foi declarada extinta apenas em Maio último, a OMS e as autoridades de saúde congolesas estão a enviar reforços para aumentar não só capacidade de diagnóstico como também de combate à doença.
Esta infecção, que provoca uma das mais letais febres hemorrágicas, com contágio essencialmente através do contacto com fluídos corporais dos doentes, já tem, no entanto, uma vacina considerada eficaz e que foi determinante para erradicar os últimos surtos epidémicos, nomeadamente o que em 2013 vitimou mais de 11 mil pessoas na África Ocidental, com epicentro na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri.
Agora, com mais um surto no leste da RDC, a OMS tem montado o habitual cordão sanitário que passa pela identificação dos contactos das pessoas infectadas ou mortas, seguindo-os de forma a fechar o cerco ao vírus impedindo a sua propagação.
Estes novos casos e mortes podem, o entanto, significar que a região leste da RDC está de novo em mãos com algo de maior dimensão porque no passado dia 8 deste mês o ministro da Saúde congolês tinha informado que fora detectado um caso numa criança de dois anos, que morrera dois dias antes, a 6 de Outubro.
A OMS admite já que se trata de uma possível 13ª epidemia e, para lhe fazer face, foram enviados reforços para o terreno, compostas por elementos da OMS e das autoridades nacionais.
A campanha de vacinação para combater este surto epidémico foi iniciada já a 13 de Outubro.
O Ébola foi, pela primeira vez, detectado na província do Equador, na RDC, junto ao rio com o mesmo nome, um efluente do Rio Congo na parte ocidental do pais, junto à fronteira com a República do Congo - Brazzaville, em 1976.
Desde então foram registadas 12 epidemias de Ébola, quase todas na RDC.
A mais grave ocorreu entre 2013 e 2014 na África Ocidental, com mais de 11 mil mortos e milhares de infecções registadas, tendo gerado uma forte crise socioeconómica nos países afectados, desde logo a Serra Leoa, Libéria e Conacri, mas também até aos mais distantes vizinhos como o Burkina Faso e a Nigéria.
Na RDC ocorreu a segunda mais letal, entre 2018 e 2020, também no leste da RDC, com mais de 2 mil mortos.
Nesse mesmo ano ocorreu uma outra epidemia, com 55 mortos, desta feita na província do Equador, junto ao Rio Congo, tendo sido aquela que representou, de facto, maior risco para Angola devido à facilidade de ligação através do Rio Congo à fronteira angolana.