Não é apenas as relações entre Washington e Pequim, que atravessam a pior fase em décadas, que estão em cima da mesa, é o mundo inteiro que pode ser transformado nas escassas horas em que os lideres das duas maiores potências económicas do planeta estiverem a conversar.
E se a dimensão económica deste encontro, até porque a guerra comercial, ou guerra das tarifas aduaneiras, que travam desde o mandato do ex-Presidente norte-americano Donald Trump, que tinha uma política inamistosa para com a China sem a esconder, e que Joe Biden não desmantelou, é importante, não o é menos a questão da batalha global por uma nova ordem mundial onde EUA e China estão em lados claramente opostos da barricada.
E sobre este segundo ponto, em Moscovo, o Presidente russo, Vladimir Putin, deve estar por estes dias com as antenas do Kremlin todas viradas para São Francisco, porque sabe que Xi Jinping, tem em casa uma economia a esmorecer a cada ano que passa, poderá tremer na parceria "sólida como uma rocha", como foi definida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, entre Pequim e Moscovo, se Joe Biden acenar com vantagens neste âmbito por troca com uma redução do volume da amizade com os russos.
Recorde-se que a Casa Branca tem feito azedas críticas à China pelo estreitar dos laços com a Rússia, a quem passou a comprar quase todo o petróleo que Moscovo deixou de poder exportar para o ocidente, depois das sanções aplicadas no contexto da guerra na Ucrânia, diluindo dessa forma a sua eficácia e permitindo ao Kremlin manter quase sem tremer o esforço de guerra.
Mas há ainda a questão de Taiwan, onde, parece evidente que nem Washington nem Pequim vão ceder no essencial, que é a China não abrir mão do regresso da ilha rebelde ao seu seio, de forma integral e sem excepções, enquanto os EUA não arredam o pé do lado de Taipé, na sua labuta permanente pela independência de Pequim, embora reconhecendo oficialmente que Taiwan é parte da República Popular da China de forma a evitar mais lenha para a fogueira.
Face a estes dois imbróglios, alguns analistas admitem que Washington e Pequim, antes deste encontro, terão deixado claro que alguns temas não devem chegar à mesa onde se vão sentar Biden e Xi Jinping, de forma a que as questões económicas, cuja guerra sectorial, está a prejudicar ambos e ao mesmo tempo, possa ver ali diluídas algumas das arestas geradoras da maior fricção entre os dois "pistões" mais poderosos do motor que faz girar a economia mundial.
Mas isso ver-se-á após este aguardado encontro, porque as dúvidas, como se pode perceber pelos links em baixo nesta página, são muitas e pesadas.