Se as sondagens estiverem certas, os Republicanos de Donald Trump vão ganhar a Câmara dos Representantes aos Democratas e o Senado está por um fio, visto que, dos 30 lugares que estão em disputa, basta-lhes conquistar um para ficar com a maioria dos 100 lugares da câmara alta do Congresso, e, se tal acontecer, os Republicanos cravam um ferro em brasa no coração da Administração Biden porque já avisaram que vão usar o controlo do Capitólio para inviabilizar a governação travando todos os passos que forem dados, como, por exemplo, a vital aprovação do aumento da dívida que permite financiar a maior parte dos investimentos programados, interna e externamente, desde logo o apoio ao esforço de guerra ucraniano.

No final do dia de hoje nos EUA - em Luanda são mais seis horas que em Nova Iorque -, Joe Biden vai ficar com uma ideia muito clara sobre o que pensam os norte-americanos da sua governação nos últimos dois anos, naquelas que os analistas já consideram como as eleições intercalares mais importantes em décadas nos EUA porque são mais que um referendo à governação Democrata, podem fazer colapsar uma recandidatura de Joe Biden em 2024, como já admitiu querer fazê-lo.

Se as sondagens estiverem certas, o Congresso passará de uma maioria absoluta Democrata para o domínio total Republicano, porque a crise económica que os EUA atravessam, com uma inflação histórica e uma recessão esperada ao virar da esquina, onde a guerra na Ucrânia surge como pano de fundo e como uma das razões para a situação crítica que vive a maior economia do mundo, estão a transformar a vida das famílias norte-americanas num inferno.

As eleições intercalares ocorrem sempre a meio do mandato de quatro anos e como sempre está em causa a renovação completa dos 435 lugares da Câmara dos Representantes e um terço dos 100 lugares do Senado, as duas câmaras do Congresso, tendo esta votação quase sempre uma dimensão de plebiscito à Administração em funções.

E este ano não vai ser diferente, excepto no que toca ao resto do mundo, porque nunca a votação de meio termo nos EUA se apresentou com tamanho potencial de alterar o curso da história do planeta.

Quando os mais de 160 milhões de norte-americanos qualificados para votar se dirigirem às mesas de voto, dois factores vão estar alinhados para definir a escolha que vão fazer: a crise económica, com a inflação como vértice, e a guerra na Ucrânia, que é a razão que mais surge nos media como justificação para esta situação cuja gravidade se pode medir com o facto de há quatro décadas não ter acontecido um agravamento do custo de vida com esta dimensão.

Para já, as sondagens não são simpáticas para a Administração do Democrata Joe Biden, que não tem conseguido atacar a inflação e parece, segundo os analistas mais citados nos media do país, não estar nas boas graças dos eleitores devido ao apoio incondicional e desmedido à Ucrânia na guerra que trava há oito meses com a Federação Russa, para onde já desviou mais de 20 mil milhões de dólares de dinheiro público, em apoio financeiro e armamento, quando se sabe que é este conflito no leste europeu que, muito por causa do refluxo das sanções aplicadas pelos EUA e pela União Europeia a Moscovo, está na génese da elevada inflação em todo o mundo ocidental, sendo os norte-americanos dos que mais sofrem com os efeitos da escolha política de Joe Biden e dos seus dois "falcões de guerra" pousados na sua Administração, o secretário de Estado, Antony Blinken, e o secretário DA Defesa, Lloyd Austin.

Alias, a guerra na Ucrânia é uma das armas de arremesso que está a ser mais usada no combate político nos EUA, a maior potência económica e militar do mundo, onde o ex-Presidente Donald Trump, que já anunciou a sua "quase, quase" certa candidatura à Casa Branca em 2024, tem repetido à exaustão que com ele no comando não teria sequer havido guerra, para começar, e a economia não se teria degradado ao ponto em que se degradou sob a alçada de Joe Biden.

O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página.