Esta decisão dos comandantes militares que governam o Mali foi anunciada depois de o G5 Sahel ter recusado ter recusado a presidência rotativa da organização devido à situação de inconstitucionalidade prevalecente e depois de a ONU e a Comunidade de Desenvolvimento regional, a CEDEAO, terem sancionado Bamako por diversas vezes devido à recusa dos militares em cederem o poder a civis através da realização de elelições.
O G5 Sahel é constituído desde 2014, tendo sido criado em Nouakchot, na Mauritánia, pelo país que acolheu a reunião inicial, o Mali, o Chade, o Burkina Faso e o Níger, os cinco países mais expostos à acção terrorista dos grupos jihadistas afectos ao estado islâmico e à al qaeda do Magrebe, como o al-shabbab ou o Boko Haram, entre outros, que já fizeram largos milhares de mortos, feridos e deslocados nesta vasta região árida da África Ocidental que separa o deserto do Saara das grandes savanas e florestas da África Central.
Depois dos golpes de 2020 e 2021, os militares do Mali deram início a um processo de afastamento claro da sua antiga potência colonial, a França, obrigando mesmo à saída dos seus militares que estavam na região a ajudar no combate aos grupos terroristas de génese islâmica.
Em sentido contrário, o Mali iniciou uma aproximação a Moscovo, aumentando de forma significativa a presença de conselheiros militares enviados pelo Kremlin nas suas forças de segurança, sendo ainda cada vez mais forte a presença de paramilitares de empresas privadas mas com fortes ligação ao poder russo, como o Grupo Wagner, cuja importância no continente vem crescendo, como o prova o facto de ter um papel fulcral na República Centro-Africana, onde é um dos pilares onde assenta a segurança do Presidente Faustin-Archange Touadéra.
Apesar das sanções a que foram sujeitos, como a suspensão da CEDEAO, da União Africana e da ONU, os militares que governam o Mali não recuam na forma como rejeitam os ditames destas organizações, especialmente a pan-africana UA e sub-regionais, como é o caso do G5 e da CEDEAO, mesmo que isso esteja a colocar em causa o combate ao jihadismo.
O próprio Secretário-Geral da ONU, António Guterres, já advertiu que esta atitude de Bamako está a deteriorar a capacidade de combate aos grupos terroristas e a gerar uma instabilidade política de extrema gravidade com violações sérias aos Direitos Humanos no país.
Face a estas críticas, a junta militar acusa a França de estar a usar a sua capacidade de influência na região para isolar o Mali de forma a forçar a retoma da influência que Paris já teve em Bamako.
Recorde-se que, aquando do golpe de Outubro de 2020, que afastou do poder o Presidente Ibrahim Boubacar Keïta, que liderava o país desde 2013, os militares comprometeram-se com uma transição de dois anos para a realização de eleições, mas em Maio de 2021, antes do terminus desse período, novo golpe militar, liderado pelo vice-Presidente Assimi Goïta, actual Presidente interino, afastou o Presidente Bah N'daw.
Foi estabelecido novo calendário de dois anos para a transição do poder por vias democráticas para as mãos dos civis, o que não convenceu nenhumas das organizações, da ONU à CEDEAO; passando pela União Africana.