Os roquetes do Hezbollah travessaram, mais uma vez, a barreira antiaérea israelita, conhecida como "iron dome" ou "cúpula de ferro", que muitos afirmam ser inultrapassável, o que mostra que este sistema tem fragilidades até aqui desconhecidas.
A explicação mais plausível, segundo vários analistas, é que o Hezbollah tenha conseguido, pela quantidade de projecteis disparados, sobrecarregar o "iron dome", fazendo com que alguns destes tenham atravessado o sistema antiaéreo.
Mas, segundo outras análises, o Hezbollah pode ter encontrado fragilidades no sistema que até aqui eram desconhecidas, para as penetrar e atingir alvos no norte de Israel, sendo que, até agora, o grupo xiita libanês tem concentrado esses ataques em unidades militares, que costumam estar robustamente protegidas.
Este ataque à base naval de Haifa provocou pelo menos três mortos, e vários feridos, o que sucede cerca de 24 horas depois de um ouro ataque a uma base militar de unidades terrestres (na foto), onde pelo menos quatro militares israelitas morreram e dezenas ficaram feridos, havendo fontes que falam em números de mortos e feridos muito superiores a estes admitidos por Telavive.
O analista militar major general Agostinho Costa argumenta que estes ataques mostram uma capacidade militar do Hezbollah que muitos não pensavam existir ainda depois dos ataques israelitas à hierarquia do grupo libanês, nomeadamente o seu líder Hassan Nasrallah, incluindo os já famosos ataques com pagers e walkie talkies.
O especialista, que falava na CNN Portugal esta segunda-feira, 14, sublinhou ainda que o Hezbollah é uma estrutura organizada de tal forma que os golpes que sofreu recentemente de Israel pode ter abalado a sua estrutura mas não anulou a sua capacidade militar, contando com mais de 100 mil combatentes, como Israel está a perceber com estes "ataques dolorosos" como já admitiram as suas chefias militares.
Segundo uma notícia da Lusa, o grupo xiita apoiado pelo Irão anunciou ainda que atacou soldados israelitas que tinham avançado para a aldeia fronteiriça de Maroun al-Ras, no sul do Líbano, onde o exército israelita afirma estar a efectuar incursões terrestres e que os seus combatentes "dispararam projécteis de artilharia contra uma concentração de soldados inimigos" na aldeia.
"Mantemo-nos vigilantes e preparados para defender o nosso país", disse o Hezbollah no comunicado, citado pela agência francesa AFP.
Os ataques reivindicados hoje pelo Hezbollah sucedem-se ao realizado no domingo contra uma base militar a sul da cidade Haifa, que matou quatro soldados israelitas.
Foi o ataque mais mortífero em Israel desde que o movimento armado xiita e o exército israelita entraram em guerra aberta, em 23 de setembro.
O chefe do Estado-Maior israelita, Herzi Halevi, descreveu o ataque como doloroso.
Apoiado pelo Irão e aliado do Hamas palestiniano, o Hezbollah avisou que o ataque era uma amostra do que Israel teria de enfrentar se continuasse as operações militares no Líbano.
O exército israelita disse que o ataque de domingo à noite visou um campo de treino em Binyamina, a sul de Haifa, uma grande cidade no norte de Israel.
Uma fonte militar disse à AFP que o ataque, efectuado por um 'drone' no domingo à noite, atingiu o refeitório da base militar.
De acordo com a United Hatzalah, uma organização voluntária de socorro, mais de 60 pessoas ficaram feridas no ataque.
O Hezbollah afirmou que os seus combatentes tinham disparado "um esquadrão de 'drones' explosivos" contra um campo de treino.
O grupo libanês disse tratar-se de uma "operação complexa", porque implicou lançar simultaneamente dezenas de mísseis nas regiões de Nahariya e Acre para "distrair os sistemas de defesa aérea israelitas".
Os 'drones' conseguiram contornar os radares israelitas e "atingir o seu alvo", segundo o movimento xiita.
Depois de ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel deslocou a linha da frente da guerra para o Líbano para permitir o regresso ao norte do país de cerca de 60.000 habitantes deslocados pelos disparos de foguetes pelo Hezbollah.
O grupo libanês iniciou os disparos em 08 de outubro de 2023, para apoiar o Hamas, que enfrenta uma ofensiva israelita desde então.
A ofensiva foi desencadeada por um ataque do Hamas no sul de Israel, a partir da Faixa de Gaza, que causou cerca de 1.200 feridos e 251 reféns que foram levados para território palestiniano.
A resposta israelita provocou quase 42.300 mortos na Faixa de Gaza, segundo o mais recente balanço das autoridades de saúde do Hamas, que governa o enclave desde 2007.
Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e outros dirigentes do grupo, bem como um general iraniano, num bombardeamento no sul de Beirute em 27 de setembro.
Apesar do maior foco no Líbano, Israel tem prosseguido com as operações em Gaza e matou hoje várias pessoas num ataque de artilharia contra um centro de distribuição de alimentos da ONU em Jabalia, no norte do território.
A televisão Al Jazeera do Qatar, um dos poucos meios de comunicação social que ainda tem correspondentes no norte do enclave, disse que pelo menos 10 pessoas foram mortas no ataque.
A agência noticiosa oficial palestiniana, Wafa, afirmou que pelo menos oito pessoas foram mortas e 40 outras ficaram feridas.
Os corpos e os feridos foram levados para o hospital Al Awda em Jabalia, acrescentou a agência, segundo a AFP.