"Estes desenvolvimentos perigosos estão a alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada e a minar ainda mais a Autoridade Palestiniana", afirmou António Guterres, num comunicado divulgado na quarta-feira.
De acordo com fontes palestinianas, o exército de Israel matou na quarta-feira pelo menos 11 palestinianos e feriu mais de 20 em ataques militares terrestres e aéreos em três pontos do norte da Cisjordânia.
O português apelou à cessação imediata das operações militares e exigiu que Israel cumprisse as suas obrigações relevantes ao abrigo do direito internacional humanitário e tomasse medidas para proteger os civis.
As forças de segurança, acrescentou Guterres, devem exercer "contenção máxima" e usar força letal "apenas quando é estritamente inevitável para proteger a vida".
"Todas as pessoas feridas devem ter acesso a cuidados médicos e os trabalhadores humanitários devem poder chegar a todos aqueles que deles necessitam", sublinhou o secretário-geral da ONU.
As operações do exército israelita e os ataques dos colonos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental já provocaram a morte de cerca de 660 palestinianos, incluindo pelo menos 147 menores, de acordo com fontes palestinianas.
Do lado israelita, 22 pessoas morreram até agora este ano (11 militares fardados e 11 civis, pelo menos seis deles colonos), a maioria em ataques perpetrados por palestinianos, como tiroteios ou esfaqueamentos.
Também na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, propôs a retirada temporária de população da Cisjordânia para "destruir infraestruturas terroristas".
"Devemos enfrentar a ameaça da mesma forma que abordamos a infraestrutura terrorista em Gaza, incluindo a retirada temporária dos residentes palestinianos e quaisquer outras medidas necessárias. Essa é uma guerra para todos e devemos vencê-la", afirmou o ministro israelita na rede social X (antigo Twitter).
António Guterres lamnetou na terça-feiira que "ninguém hoje tem respeito por ninguém e por nada, não há respeito pela carta das Nações Unidas, não há respeito pela lei internacional e também não há respeito pelas potências".
Segundo o secretário-geral, esta "impunidade quase total" faz que continuem guerras como a do Sudão, Médio Oriente, República Democrática do Congo ou Myanmar (antiga Birmânia), que a "comunidade internacional se tem mostrado impotente" para resolver.