Pela voz do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a organização militar ocidental anunciou estarem em curso conversações entre as potências nucleares EUA, França e Reino Unido para colocarem mais ogivas nucleares dos seus "stocks" nas plataformas de lançamento.

Esta é, explicou ainda Stoltenberg, a resposta da NATO e dos aliados da Ucrânia às "ameaças" persistentes da Rússia do uso de armas nucleares tácticas no contexto da guerra na Ucrânia em caso de risco existencial para a Federação.

A capacidade destrutiva das armas nucleares tácticas é inferior às estratégicas, instaladas, por exemplo, nos misseis balísticos intercontinentais, mas, ainda assim, maior que as usadas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, pelos Estados Unidos.

Em declarações ao jornal britânico The Telegraph, Jens Stoltenberg explicou que estão em curso conversações entre os membros da NATO para tornar clara a sua capacidade nuclear armazenada de forma a servir de sinal de alerta aos russos.

"Não me vou alongar em detalhes sobre a quantidade de armas nucleares que devem estar operacionais e quantas devem estar armazenadas, mas temos de falar sobre estes assuntos no contexto do actual cenário internacional", disse o responsável da NATO.

E acrescentou que esta transparência serve para advertir Moscovo de que "a NATO também é uma aliança nuclear".

Recorde-se que o Presidente russo Vladimir Putin anunciou há cerca de dois meses o arranque de exercícios de preparação dos sistemas russos de defesa com recurso a armas nucleares tácticas, cujo objectivo é serem usadas no campo de batalha para destruir áreas de concentração de tropas e de equipamento inimigo.

Esse passo foi dado num cenário em que os aliados ocidentais da Ucrânia estavam a anunciar diariamente, primeiro Reino Unido e França, depois os EUA, autorizações para Kiev usar os seus misseis de longo alcance dentro do território da Federação, assim como o envio de unidades militares para a Ucrânia, como o fez de forma clara o Presidente francês Emmanuel Macron.

Todavia o anúncio de Stoltenberg ocorre no rescaldo da falhada Cimeira da Paz da Ucrânia, organizada na Suíça, com o apoio do Governo helvético, que está claramente a deixar a sua histórica neutralidade, estando este anúncio "pesado" a ser visto como uma camuflagem para o insucesso da iniciativa. (ver links em baixo nesta página)

Essa cimeira na Suíça, para a qual a Rússia não foi convidada, contou com perto de 100 presenças mas apenas 78 países assinaram o documento final e as grandes potências do Sul Global, como a China, Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, México, Indonésia... fizeram questão de explicar a falta de sentido na organização de uma cimeira de paz sem um dos contendores presentes.

A primeira e mais notada ausência, logo a seguir à da Rússia, foi a do Presidente dos EUA, Joe Biden, que, mesmo sendo o mais acérrimo aliado de Kiev e do Presidente Zelensky, optou por dar prioridade a uma sessão de recolha de fundos para a sua campanha eleitoral das eleições de 05 de Novembro.

Entretanto, Putin volta à Coreia do Norte para mais uma visita ao mais fechado país do mundo e provavelmente a ditadura mais sólida do planeta, mas que é, segundo diversas fontes, e como se tem verificado pelos destroços encontrados no campo de batalha, um fornecedor importante de munições e misseis para as forças russas usarem na guerra da Ucrânia.

Enquanto estes desenvolvimentos decorrem, no campo de batalha, como é reconhecido por ambos os lados do conflito, as forças russas ganham terreno diariamente enquanto as ucranianas mostram sinais de iminente colapso se os aliados ocidentais não multiplicarem o apoio militar.