A Rússia, que foi um dos vencedores da II GM, e o país que mais vidas sacrificou nessa guerra, não foi convidada para estas cerimónias que reuniram milhares de pessoas na Normandia, região do norte de França onde as tropas aliadas chegaram a 06 de Junho de 1944, e nas quais estiveram, além de Biden, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o anfitrião, e o Rei de Inglaterra Carlos III e onde o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegaria pouco depois, cerca de 20 Chefes de Estado e de Governo.

E foi ali que o Presidente dos Estados Unidos, que está a realizar uma visita de Estado a França de cinco dias, voltou a prometer à Ucrânia que nunca abandonará os seus esforços de derrotar a Rússia no campo de batalha porque "as forças negras" ainda persistem no mundo.

"A luta entre as ditaduras e a liberdade não tem fim, como o demonstra de forma exemplar a guerra na Ucrânia, depois deste país ter sido invadido por uma tirania", apontou, sublinhando ainda que os ucranianos não vão ceder porque "os EUA não os vão abandonar".

"A História diz-nos que a liberdade não é grátis, e se não conhecem o preço da liberdade, venham à Normandia e vejam os seus cemitérios cheios de heróis caídos em combate", apontou Biden, ao mesmo tempo que afirmava em forma de pergunta retórica: Será que vamos defender a democracia?", e a resposta foi dada de seguida: "Só podemos dizer que sim!".

E voltou a frisar que apoiar a Ucrânia não é apenas defender a Ucrânia, é garantir que a Rússia será travada antes de avançar para o resto da Europa.

Isto horas depois de o Presidente Vladimir Putin ter dito em São Petersburgo, numa conferência de imprensa com responsáveis por agências de notícias internacionais, que só algum "burro como uma mesa" poderia pensar que a Rússia tenciona invadir países da NATO.

"Ficaram todos doidos?!"

Nesta conversa com os jornalistas em São Petersburgo, no âmbito do Fórum Económico (SPIEF), Vladimir Putin voltou a defender que a ideia que está a ser espalhada pelos media ocidentais, a partir dos gabinetes dos Governos europeus e norte-americano de que a Rússia tem planos para atacar países da NATO "é uma ideia completamente tresloucada".

"Mas vocês ficaram todos doidos?", questionou Putin, depois de ser confrontado pela pergunta de um jornalista se esses planos existem de facto, deixando cair uma frase pouco ortodoxa mas demonstrativa do que pensa sobre o assunto: "Só alguém burro como uma mesa pode pensar em tal cenário".

E defendeu que essa ideia dispersa estrategicamente pelos media ocidentais "só serve para que alguém consiga convencer os povos a aceitarem que os Governos ocidentais a gastarem mais dinheiro a rearmarem-se e a enviarem mais armas para a Ucrânia".

Isto dito assim não deixa de ser curioso quando se sabe que a Rússia, apesar de tal sucede o contexto do conflito ucraniano, está a transformar a sua economia numa economia de guerra, aumentando de forma substantiva a sua capacidade de produção de todo o tipo de armamento.

Aparentemente, Joe Biden, que foi seguramente informado destas palavras de Putin, não só as ignorou como fez questão de reafirmar a ideia de que a Rússia tenciona mesmo invadir a Europa Ocidental se vencer na Ucrânia.