A área atingida albergava o maior depósito de misseis na Federação Russa e, apesar de estar rodeada de forte protecção antiaérea, o míssil, ou misseis ucranianos, atingiu em cheio o paiol onde a Rússia mantinha largas centenas, senão milhares, de misseis e bombas planadoras.

As explosões que se seguiram, filmadas por vários habitantes locais, foram de tal modo grandes que formaram diversos "cogumelos" em tudo semelhantes aos das detonações nucleares.

No local estavam, segundo o muito bem informado canal bielorrusso, no YouTube, MIllitary Summary Channel, alegadamente todos os misseis que foram fornecidos pelo Irão e pela Coreia do Norte, além de um número desconhecido da própria produção russa de Iskander M.

É, de longe, o mais bem sucedido ataque ucraniano em solo russo e tem importância redobrada quando em cima da mesa está a questão da autorização por parte dos EUA, Reino Unido e França, dos seus misseis de longo alcance para atacar solo russo em profundidade.

Depois de muitas dúvidas, Washington optou por não dar essa autorização para o uso dos seus ATACMMS pelos ucranianos de forma a evitar uma escalada global com Moscovo (ver linsk em baixo nesta página).

Mas, com este ataque, Kiev pode estar a demonstrar que não precisa dos projecteis ocidentais para atingir o coração da Federação Russa tendo meios próprios para o fazer e altamente sofisticados porque a base de Toropets (Tver) é moderna, foi acabada em 2018, e está protegida por uma robusta linha de defesa antiaérea.

Nas próximas semanas deverá ficar a saber-se que impacto que este ataque ucraniano obteve na capacidade ofensiva russa, mas será, seguramente, robusto e obrigará os russos a esforços redobrados para recuperar desta destruição avassaladora.

Este ataque é de tal forma ousado e bem sucedido que alguns analistas admitem mesmo que não pode ter sido feito exclusivamente pelos ucranianos e pode mesmo ter sido usado um míssil ocidental disparado a partir dos países bálticos, da Lituânia, da Letónia ou da Estónia, onde estão em curso gigantescos e prolongados exercícios da NATO.

Apesar de os vídeos que já estão a circular nas redes sociais, com uma sucessão de explosões catastróficas, o que deixa antever uma destruição total da área de armazenamento, os media russos falam num ataque com drones que foram quase todos abatidos, tendo os estilhaços provocado danos no solo em vários locais.

Apesar disso, o Governador de Tver anunciou a evacuação de milhares de residentes da cidade de Toropets, o que pressupõe a continuação do risco de novas explosões a partir das detonações que já foram sentidas ao longo de quase toda a madrugada de terça-feira para hoje, quarta-feira, 18.

Este ataque ucraniano foi de tal dimensão que dificilmente não terá afectado gravemente os alicerces do Kremlin, que tem mais uma fractura no seu orgulho para fechar.

Não apenas porque perdeu em Toropets grande parte da sua capacidade ofensiva como também viu esvanecer-se a fama de quase infalibilidade dos seus sistemas de defesa antiaérea composta pelos famosos sistemas de longo alcance S-400 e pelos de médio e curto alcance Pantsir.

Com este ataque, Kiev consegue ainda diluir os danos recentes das suas volumosas perdas nas frentes de combate no Donbass e em Kursk, onde as suas forças estão, há meses, sob forte pressão russa.

Mas também no Kremlin o Presidente Vladimir Putin, estará com dificuldades em lidar com este estrondoso sucesso ucraniano, aumentando, como sugerem vários analistas, a pressão das linhas duras no seio das Forças Amadas e do seu Governo para ripostar contra Kiev de forma "adequada".

Isso a acrescentar à tarefa gigantesca de substituir as centenas, ou mesmo milhares de sistemas de misseis essenciais para alimentar a sua persistente ofensiva sobre a Ucrânia, nomeadamente os Iskander M e as bombas planadoras, além, a confirmar-se, dos milhares de projecteis fornecidos por Teerão e Pyongyang.