O líder rotativo do Órgão de Defesa e Segurança (ODS) da SADC e Presidente do Botsuana,Mokgweetsi Masisi, na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC que hoje, quinta-feira, decorre na capital moçambicana, Maputo, subordinada à análise dos ataques em Cabo Delgado, defendeu que os países que compõem esta organização sub-regional, da qual faz parte Angola, têm de unir esforços para derrotar o terrorismo islâmico no norte de Moçambique.

Mokgweetsi Masisi propõe uma "resposta colectiva" para um problema que, mais cedo ou mais tarde, transbordará das fronteiras moçambicanas para outros países da África Austral.

Uma das razões comummente apontadas para o alastramento da influência destes grupos de cariz religioso radical islâmico é o descontentamento e a pobreza gerada por diversos factores, como, por exemplo, a pandemia da Covid-19, numa vasta lista de países africanos.

Esta Cimeira de Maputo foi organizada num contexto onde a comunidade internacional, com destaque para os parceiros de Moçambique no continente, estão a oferecer ajuda no combate aos radicais do al-shabbab (estado islâmico) mas com uma resposta do Presidente Filipe Nyusi que tem gerado controvérsia e que vai no sentido de defender que, por razões ce soberania, devem ser apenas tropas moçambicanas a enfrentar o terreno estes grupos armados que espalham o terror em Cabo Delgado, com cenas chocantes de decapitações e desmembramento de corpos de pessoas.

Estes ataques, recorde-se, já levaram a uma debandada de mais de 1 milhão de pessoas das suas casas e a morte de largas centenas de pessoas, incluindo estrangeiros ligados ao projecto de exploração de gás natural da Total.

O episódio mais recente, a 24 de Março, envolveu um ataque de larga escala à vila de Palma, que obrigou milhares de pessoas a procurarem, primeiro, refúgio, nas matas densas da região, e, depois, em Pemba, a capital da província de Cabo Delgado, a centenas de quilómetros dali, em busca de alimentos e abrigo.

Desta Cimeira, segundo analistas citados na imprensa moçambicana, espera-se que saia uma abertura do Estado moçambicano para que países amigos possam ajudar de forma directa no combate aos jihadistas, havendo mesmo notícias de que já há tropas sul-africanas no terreno - alguns dos estrangeiros mortos em Palma eram da África do Sul -, o que deveria pressupor que fosse, tal como sucedeu noutras paragens, sendo disso exemplo o Lesoto, que viveu em 2019 uma crise político-militar, criada uma força regional de intervenção.

Se essa for a decisão de Filipe Nyusi, Angola, que conta com um dos maiores exércitos da SADC e das Forças Armadas melhor equipadas e com maior capacidade de mobilização de meios, devera integrar essa eventual força de reacção regional de ajuda a Moçambique para combater os jihadistas.