Foi no Twiter que o então chefe do Exército disse estar pronto para em duas semanas chegar a Nairóbi, a capital do Quénia, com as suas forças terrestres, tendo sido ainda mais irresponsável ao afirmar, na mesa rede social, que nunca tinha feito tal façanha porque o pai o advertiu para não o fazer.

"Nunca derrotei o Exército queniano porque o meu pai me disse para nunca o tentar. Portanto, a nossa gente no Quénia pode relaxar!", escreveu o general Kainerugaba, filho do Presidente ugandês.

Esta atitude irreflectida do agora demitido general obrigou ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros a divulgar um comunicado de urgência onde jura o empenho do Uganda na manutenção das melhores relações e da paz com os seus vizinhos.

Sublinhe-se, todavia, que o Uganda vive num regime de linha dura com Musevini a governar este país da África Central com mão-de-ferro desde 1986, o que pressupõe que a demissão do então comandante do Exército e seu filho foi demitido unicamente por sua ordem.

Mas esta atitude de Musevini é considerada tardia por muitos no Uganda, visto que os bizarros e provocadores twetts do seu filho já são sobejamente conhecidos e há muito que causam preocupação nos países da região, como foi o caso deste.

O excêntrico general, de 48 anos, filho do Presidente, condição que sempre lhe garantiu a impunidade, vem surpreendendo a comunidade africana com afirmações de choque há muito tempo, incluindo apoio claro e inequívoco aos rebeldes das ADF, actualmente sob domínio dos radicais do estado islâmico, que espalham violência no leste do Congo, ou ainda aos rebeldes de Tigray, na Etiópia, que declararam guerra a Adis Abeba com um rasto de milhares de mortos.

Mas as suas tiradas também têm, aparentemente, um lado lúdico, porque twetou que tinha oferecido 100 vacas pela mão da primeira-ministra italiana recentemente eleita, Giorgia Meloni, o que levou alguns dos seus colaboradores mais próximos, segundo a imprensa local, a garantir que as suas idas às redes sociais são essencialmente exercícios de humor e que não deve, por isso, ser levado muito a sério.

Mas o que poucos duvidas é que se fosse ouro oficial a proferir estes dislates, seria imediatamente levado à justiça militar.

Verdade é que estas declarações do general Muhoozi Kainerugaba lançaram um vendaval de inquietações na região e nas últimas horas realizaram-se múltiplas reuniões, algumas delas virtuais, entre os dois governos, do Quénia e do Uganda, para não deixar o problema resvalar, o que dificilmente surgirá visto que o novo Presidente do Quénia, William Ruto, trata Musevini por pai de toda a região da África Central.

No entanto, este momento tem foro de maior gravidade quando é sabido que o filho de Musevini, que é o chefe da sua guarda pessoal, é quem, de facto, chefia as Forças Armadas ugandesas, num completo desarrumo da hierarquia proporcionado pelo poder absoluto que Musevini e a sua família exercem no Uganda.