A conversa estava acesa, com críticas bem dirigidas à política económica em vigor e para a falta de sensibilidade de quem dita as regras.
Comer virou luxo e fazer as três refeições fundamentais é coisa de artista daqueles filmes em que o bandido leva a melhor, quase como que a insultar a inteligência do espectador.
Com a névoa sombria a pairar pelos nossos pensamentos, eis que chega a Ampla Frente Patriótica para a Alternância que, sem dizer nada de novo, pelo menos assim a olho nu, consegue balançar a placidez do carrossel da praça.
O velho brinquedo instalado em zona de requinte parece ter encravado com a revelação de que há bárbaros a fazerem-se à estrada, prontos para levantar poeira.
A Frente Patriótica advoga promessas de sentido nacionalista e, só com isso, conseguiram captar a atenção de cegos reunidos sob ensaio. Os sinos da bola de cristal foram rápidos em puxar a ficha do grupo para movimentar um pouco mais a corda-bamba. Porém, esqueceram-se de que existem equilibristas formatados em absorver, mas também em perceber os sinais.
Um novo começo e um novo rumo é o que há muito exige a cronografia angolana, é o tema que domina os mujimbos de todos os cantos e é o que certamente se quer fazer valer num pleito eleitoral.
Mas, como de mensageiros e alternativas temos pratos e bolsos cheios, vai ser necessário um engajamento profundo, longe de simples pronunciamentos e manobras de marketing.
As "Frentes" que rezam a história têm o cariz da revolução no seu propósito. Assim foi com a Frente Patriótica de Libertação Nacional (em Portugal), que surgiu numa Conferência das Forças Antifascistas Portuguesas, realizada em Praga, entre 19 e 21 de Dezembro de 1962, e com a Frente Patriótica do Rwanda, que em Julho de 1994 acabou com o genocídio naquele País.
A ver vamos como o pano de Chivukuvuku, Costa Júnior e Vieira Lopes se vai estrear na arena, cujos espectadores estão ávidos por mudança. Uma mudança que numa visão transcendental, não cosmética, não é vaidade e não é falácia.
A esta altura, há uma trilha para seguir e um único caminho por onde se decidir a TRANSFORMAÇÃO, a IGUALDADE e o RESPEITO dos que continuam a não ser tidos e nem achados.
O óbvio é intenso como o pôr-do-sol reflectido na minha janela. Há que se devolver a esperança aos angolanos, há que fazê-los crer que o futuro é aqui e que, apesar do longo percurso e dura jornada todos, podem usufruir do melhor desta terra.