Este é daqueles pensamentos que invadem a mente de muitos dos meus concidadãos levando sempre em consideração os rendimentos que auferem nos tempos em que nos cumpre viver. Um deste exemplos é o da tia Benvinda Ndeilapo, que vive na localidade de Damequero, no município de Ombandja, no Cunene. Na localidade, a dona Benvinda, viuva de 47 anos, até poderá beneficiar do aumento do salário mínimo nacional, mas têm de fazer face ao desafio de todos os dias, sustentar seis filhos cujo os pais faleceram depois de contrairem o vírus do HIV.
Ou seja, uma pessoa pode até ver o seu rendimento aumentado fruto de uma medida que visa elevar o salário mínimo nacional, mas se tal salário não reflectir nos níveis de despesas - ou, no pior cenário, o aumento do salário mínimo provocar o aumento dos preços de bens e serviços essências praticados num dado contexto, podemos estar diante de uma boa medida que no mínimo equivale a uma mudança para que nada mude.
Por exemplo: Ondjiva e Damequero são duas localidades da província do Cunene. No entanto, uma análise simples à média salarial de pessoas que vivem em Ondjiva é mais alta que a de Damequero, na comuna de Xangongo. Nesse exemplo, portanto, o custo de vida das duas localidades não é similar, e o poder aquisitivo é maior em uma localidade do que outra, apesar de todas beneficiarem da mesma medida, os seus habitantes não dispõem das mesmas facilidades de acesso a bens e serviços, o que acaba de se reflectir no seu poder aquisitivo.
Pela mesma razão que, subir o salário mínimo nacional em Luanda não tem o mesmo impacto que subir o salário mínimo nacional numa localidade remota de Angola, as medidas tendentes a aliviar o custo de vida ao longo do País, devem ser vista de maneira contextualizada .
Há diversas instituições que tomam medidas, alegadamente, tendo em conta o custo de vida do país . Cada um deles usa seus próprios critérios, sem ao menos explicar as pessoas afectadas quais itens são no seu entender básicos para garantir uma certa qualidade de vida. O problema é que nem sempre se levam em conta as particularidades de cada região em análise.
No caso das cidades, por exemplo, as análises sobre o custo de vida tendem a basear-se em categorias como: Alimentação, habitação, transporte, vestuário, saúde, educação, recreação. Serão estas as mesmas categorias uma prioridade nas zonas rurais? Claro que não, haverá, de certeza, nuances diferentes.
Não queremos com isto dizer que não é bem-vinda a ideia segundo a qual o salário mínimo nacional e o conjunto dos salários devem ser ajustados à realidade actual, tendo em conta o custo de vida, simplesmente, queremos alertar para o facto de que para tudo temos de ter em linha de conta a realidade é o contexto específico de cada grupo populacional em que se quer intervir.