Os BRICS - cada vez mais alargados e com uma maior acentuada influência chinesa - que já vêm representando uma parte significativa da economia global, têm procurado aumentar sua influência em África, reconhecendo no continente como sendo um mercado emergente promissor e uma fonte rica de recursos naturais. Em 2025, espera-se que a presença dos BRICS em África continue a se expandir, especialmente através de investimentos em infra-estrutura, energia e tecnologia. A China, por sua vez, tem se destacado como um dos principais parceiros comerciais do continente, com iniciativas como a "Nova Rota da Seda Marítima" (a Belt and Road Initiative), que visa conectar a Ásia à Europa através de uma rede de infra-estruturas em várias regiões, incluindo África. A relação entre os países africanos e os BRICS pode ser caracterizada por uma busca mútua por desenvolvimento sustentável e uma maior autonomia económica.
Por outro lado, o AGOA, é uma legislação dos EUA que proporciona condições comerciais favoráveis para produtos africanos no mercado americano, incentivando o crescimento económico e a criação de empregos no continente. Para 2025, espera-se que as nações africanas, ou um número elevado de nações africanas, possam continuar a usufruir os benefícios do AGOA, embora a eficácia dessa política dependa de diversos factores, seja qual será a política africana de Trump, seja e principalmente, a estabilidade política e o ambiente de negócios em cada país africano signatário do acordo. O AGOA tem sido fundamental para a diversificação das exportações africanas, mas os países do continente devem também se esforçar para fortalecer sua capacidade produtiva e competitividade para maximizar os benefícios dessa legislação.
Com a possibilidade de uma nova política de Trump em relação à África, a incerteza se torna um factor significativo. Durante seu primeiro mandato, Trump adoptou uma postura mais centrada em interesses comerciais directos, com uma abordagem que priorizava acordos bilaterais em detrimento de iniciativas multilaterais. Se essa tendência se mantiver, as nações africanas poderão enfrentar importantes desafios e constrangimentos nas suas relações comerciais com os EUA, especialmente se a política de Trump se afastar de programas como o AGOA.
Além disso, a crescente rivalidade entre os EUA e a China pode impactar as dinâmicas comerciais em África. A busca por influência económica e política por parte das potências globais pode levar a uma competição acirrada, onde os países africanos poderiam ser vistos - e, na realidade, são-no - como peças em um tabuleiro de xadrez geopolítico. Em 2025, se a nova política de Trump se alinhar mais com a lógica, acentuada, do "America First", os países africanos poderão ser forçados a navegar à vista e com cuidados redobrados nas, e entre as, suas relações com os BRICS e os EUA, buscando equilibrar parcerias que proporcionem benefícios económicos sem que sua soberania seja ainda mais comprometida.
Em resumo, a posição de África, em 2025, poderá ser moldada por uma confluência de factores. A interacção com os BRICS pode trazer oportunidades significativas de desenvolvimento, enquanto o AGOA continua a ser uma ferramenta importante para o crescimento económico. No entanto, a incerteza em relação à política dos EUA, de Trump, exigirá que os países africanos desenvolvam estratégias robustas para maximizar suas vantagens competitivas e garantir que suas necessidades e aspirações sejam atendidas em um cenário internacional em rápida mudança. O desafio será aproveitar essas oportunidades de forma a promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo que beneficie todos os cidadãos africanos.
A chave para esse sucesso será a capacidade do continente de se unir em torno de uma agenda comum de desenvolvimento, promovendo a diversificação económica, a integração regional e continental, esta no âmbito da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), e investimentos infra-estruturais e tecnológicos. O futuro de África está intrinsecamente ligado à sua proverbial habilidade de se adaptar e inovar, aproveitando suas vastas riquezas e sua população jovem. Só que alguns fazem por esquecer e por castrar essa habilidade...n
*Pós-Doutorado; Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (CEI-IUL), Investigador-Sénior Associado do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de Angola (CEDESA/Angola Research Network) e Investigador-Associado do CINAMIL **
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