A taxa de natalidade está longe de diminuir. A taxa global de fecundidade ainda é de 4,8 filhos por mulher, sendo que, na zona rural, esse número sobe para 6,9. Ou seja, enquanto nas cidades as famílias parecem estar a diminuir, no interior, a tradição de casa cheia continua firme e forte. Em muitos casos, a casa cheia representa barriga vazia.
Apesar dos esforços, apenas 17,1% das mulheres casadas ou em união de facto têm as suas necessidades de planeamento familiar atendidas. Quanto ao uso do preservativo masculino entre mulheres casadas, apenas 2,2% usam. Parece que ainda há um longo caminho para tornar os métodos contraceptivos mais acessíveis e aceites. Um bocado de "plástico" de uso único que não vai ser banido pela nova legislação, mas que tem pouco uso.
A boa notícia parece ser o facto de a taxa de mortalidade infantil ter caído de 44 para 32 óbitos por mil nados-vivos nos últimos anos. Mas ainda há desafios, especialmente na mortalidade neonatal, que continua alta, principalmente nas zonas rurais, onde há menos oferta de assistência médica.
A cobertura vacinal infantil ainda precisa de um empurrãozinho. Apenas 29,4% das crianças de 12 a 23 meses receberam todas as vacinas essenciais. A discrepância entre áreas urbanas e rurais é gritante: 43,6% das crianças urbanas estão vacinadas, contra apenas 14,3% das rurais. A logística da vacinação ainda precisa de ajustes. Picar, picar, picar.
A malária continua a ser um problema sério. Apenas 28,8% dos agregados familiares possuem pelo menos um mosquiteiro tratado (quando não está a ser usado para a prática de pesca ilegal), e o uso entre crianças e grávidas ainda é baixo. Se há algo que Angola precisa reforçar, é a luta contra esse inimigo minúsculo, mas poderoso.
Uma revelação surpreendente do inquérito foi o alto índice de violência doméstica contra homens. Cerca de 48% dos homens angolanos relataram ter sofrido agressões físicas por parte de suas parceiras. O número entre as mulheres é ainda maior, chegando a 56%. E o mais preocupante? A maioria das vítimas anda à porrada e não procura ajuda. Parece que há um longo caminho para quebrar tabus e garantir protecção para todos.
O IIMS 2023-2024 mostrou que em Angola ainda há desafios enormes pela frente. A saúde materno-infantil precisa de mais atenção, a vacinação infantil precisa ser reforçada, e a luta contra a malária ainda tem muito caminho pela frente.
Sorriso crónico
Raio-X da Saúde
Se há algo que os angolanos sabem bem, além de procurar a alegria na dança e improvisar soluções para tudo, é que a saúde é um tema que nunca sai de moda. E para entender melhor como anda a saúde no País, o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023-2024 resolveu levantar um pouco a cortina da realidade nacional. Foi produzido um relatório recheado de números, tendências e algumas revelações que podem fazer qualquer um levantar a sobrancelha.
