No tempo do Rei Artur, a mesa de trabalho em Camelot (do que seria equivalente a um conselho de ministros actualmente) era redonda para que o rei e os cavaleiros se sentissem iguais na responsabilidade de governar. Este exemplo ficou famoso na história pela força da humildade, da igualdade, da fraternidade e foi garante de prosperidade. Houve imensos outros líderes que conseguiram, por amor ao seu povo, dignificar os países e tornarem-se um exemplo.
Olhando para o século XX, temos exemplos de humildade e de amor pelo próximo que nos foram oferecidos por Ghandi, Mandela, Luther King e podíamos enumerar mais mil ao longo dos tempos que se tornaram líderes inspiradores e sempre estiveram atrás dos momentos mais significativos e mais difíceis da história da humanidade. Ainda recentemente saiu de cena uma mulher inspiradora pela sua humildade e pela sua devoção ao serviço público, Angela Merkel ex-Chanceler alemã, que sempre viveu de forma monástica e que hoje é "considerada líder de facto da União Europeia" e "líder de um mundo livre" pela abrangência da sua visão e postura.
O Butão, um reino budista no Leste do Himalaia, é o primeiro país a ter um Ministério da Felicidade, que mede a "FELICIDADE INTERNA BRUTA", que visa medir o grau de desenvolvimento do país através do nível de felicidade da população. Na verdade, este exemplo devia ser seguido por todos os países. Medir a felicidade dos povos é, sem dúvida, o melhor índice de boa governação que existe. Nenhum povo infeliz é infeliz por vontade própria, mas, sim, porque a governação do seu país o abandonou e falhou no dever de garantir os seus direitos elementares. Se este medidor da qualidade de vida se tornasse obrigatório, para garantir que os vencedores das eleições se mantivessem no poder, muitos governos teriam os dias contados.
A governação com amor é aquela que jamais permitirá que as crianças vivam sem cuidados de saúde, sem comida, sem escola ou estejam sozinhas. É aquela que toma conta de todos os doentes crónicos, subvencionando os medicamentos e nunca deixando faltar o tratamento gratuito. É aquela que ampara as mulheres vítimas de violência doméstica, protegendo-as com eficiência e as devolve para a vida com a sua força restaurada. É aquela que dignifica os deficientes. É a que não permite que o salário mínimo não cumpra o dever de alimentar uma família e garante uma habitação condigna a todas as famílias, não porque está escrito na Constituição, mas porque TODOS precisamos de um tecto para nos protegermos.
Numa governação com amor, a polícia protege, não ameaça; os políticos defendem as mesmas regalias para o povo, não os ignoram e os venerandos juízes obedecem apenas à ética e à honra do cargo, nunca se tornando em marionetas. As políticas públicas não são desenhadas de forma sinistra apenas pelos interessados em lucros futuros, mas são de consenso, inclusivas para se tornarem eficazes e serem protegidas pelos eleitores. As obras públicas jamais privilegiam o absurdo, o luxo ou o acessório, mas, sim, o que é imprescindível para a satisfação da qualidade de vida da maioria do povo. As estradas não vão "daqui aqui", mas atravessam as aldeias mais recônditas para trazer e o levar país a todos os povos que, com isso, percebem que não são apenas visitados em tempo de eleições.
Governar com amor é colocar a felicidade e o bem-estar de todos na agenda de todas as prioridades. É entender de uma vez por todas que nenhum país pode prosperar no século XXI ou eliminar a malária (principal causa de mortalidade entre nós) sem ESGOTOS. É olhar para quem pensa diferente e não ver um inimigo só porque nos aponta os erros, pois quem não sabe ouvir uma crítica educada e consciente não serve para governar. É agir e planificar como se fôssemos todos filhos do mesmo pai, uma enorme família, a quem devemos obediência e respeito. É deixar de lado o passado sombrio e perceber que a única coisa que faz sentido é pensar no futuro sem o qual se terão condenado os filhos dos nossos filhos.
Governar com amor é olhar para a ARTE como uma imprescindível forma de educar, de fazer nascer novas palavras e tornar o diálogo abrangente, criando as âncoras da nossa identidade. É perceber que somos o produto dos livros que lemos, dos quadros que vimos e das músicas que escutamos. É amar o teatro e a dança como uma necessidade física. É fazer da Escola Pública a principal instituição social do país. É ouvir com o coração as necessidades dos governados, mesmo quando o povo não reclama porque desistiu de acreditar noutro destino. É defender a natureza com a mesma inteligência com que defendemos os nossos filhos. É aprender que, tal como a água benta, o excesso de humildade nunca fez mal a ninguém e é um poderoso factor de união ao contrário da arrogância de quem não ouve, não vê e não sente.
Governar com amor exige que se leia o país em profundidade e não em aparência, que é sempre relativa. É ter a capacidade de transformar as instituições públicas em modelos e exemplos de conduta para garantir soluções eficazes que resolvam definitivamente os problemas antigos. É ter a VISÃO e a capacidade de construir o genuíno amor pela pátria, através da atitude, do empenho, da concretização do sonho de um país para todos. É evitar as supremacias, em todos os sentidos, que são sempre palco de desunião e de conflito. É, finalmente, perceber a diferença entre ser amado e ser temido e entender que quem é temido nunca é respeitado, como nos prova história, pois a sua força é fundada na ilusão, no endeusamento, na bajulação e na ausência de discernimento, e, por isso, o seu poder é sempre efémero.