Ficó, banana ou bica bidon (escondidas), sumalha ou macaca, stop, pular a corda, 35 vitória, bang-bang, salva-ovas, buquique, cabra cega, a roda, veterinário - cirurgião, papá e mamã, entre outras, eram apenas algumas das muitas brincadeiras que nos deixavam sorridentes. Havia uma que era bué fixe e também bué perigosa, SE MAGUELAR! Para quem não sabe, é pendurar-se na parte de trás ou lateral de um boter em andamento. Ficávamos a espera que uma carrinha, preferencialmente, passasse pela nossa rua com uma velocidade reduzida que desse para nos pendurarmos e nos maguelarmos por alguns bons metros, mas sempre embarrados para não sermos vistos pelo nduta, por algum acompanhante seu ou familiar nosso ou vizinho, porque ai a brincadeira ganhava um outro sabor, mais ardente, amargo, doloroso.

A outra luta era descer sem cair, porque a bassula de um carro em andamento oferecia sempre medalhas que condecoravam os heróis com moedas sangrentas e galos muzumbeiros para lembrança e que dificilmente conseguíamos esconder dos nossos kotas, garantindo uma boa surra.

Erámos inocentes e inconsequentes queríamos apenas brincar, divertirmo-nos, sem pensar nos perigos existentes. "Não queríamos saber" de nada nem de quem quer que fosse. A drena do momento valia a pena. Quem conseguisse se maguelar mais vezes ficava famoso na banda por ser corajoso ou corajosa, sim haviam mboas que também se maguelavam.

O maior desafio era se maguelar no ruca daquele kota armado em mau, que se dava em bué, tanto que dificilmente aparecia alguém que enchesse o peito para dizer que já tinha conseguido tal proeza. O kota por norma era bué atento, mesmo nos buracos que convidavam os outros a afrouxarem, o madie nada, mantinha uma condução malaique para não nos maguelarmos, se tentássemos cairíamos bem mal. Já quem conseguisse era o wi rijo, o madie que nos orgulhava, que gostaríamos de ser, com tanta coragem, que podia mandar bocas a vontade, sem medo.

Os recentes acontecimentos políticos que têm marcado a vida politica em Angola fizeram-me viajar até ao Dondo, me maguelando no comboio que por anos levou o meu avô. Essa viagem foi causada pelas conversas entre kambas e pela leitura de dicas aleatórias na internet sobre os congressos, as eleições e o futuro de Angola com tais políticos e partidos. Uma questão ficou por responder: "por que será que existem políticos que se maguelam nos respectivos partidos políticos para atingirem fins inconfessos e anti patriotas, desumanos e egoístas temperados com michas e gasosas milionárias mascaradas em aromas hipócritas recheadas com jajão?"

Sentimos que muita boa gente perdeu a fé em relação nos magueladores que se escudam em tais partidos e que sem sentimento de pertença ou de identidade, usam os históricos símbolos para limpar a dibuca mal cheirosa das suas trapaças, levantando muitas dúvidas, tanto que se diz, que há quem esteja a "se maguelar" no M para "se laifar", ter boa vida, servindo-se de tudo e de todos que devia ser para todos. No entanto também se diz que há quem esteja a "se maguelar" nos partidos da oposição, dá jajão, simula comportamento, faz algum barulho dum coro para mostrar que está descontente e bué f com os mambos malaiques que fazem parte das marcas desse belo e rico país, mas que no fim deixam escapar a impressão que nem querem chegar ao poder, parece que preferem continuar a bater o tal coro e a gritar sem o mataco na poltrona que permite alimentar os pavões que jingam no jardim da parte alta da cidade, fugindo assim do peso da responsabilidade de fazerem de Angola um bom país para se viver.

Será que essas desconfianças bafejadas nos becos têm algum pingo de verdade ou serão apenas ecos dos becos? Nas tais dicas de beco, sem bandeiras, partidos ou paixões, apenas amor por Angola, ficamos perdidos sem entender as razões que fazem com que mais velhos que dizem não ser aguados usam os partidos para se servirem quando deviam usar os partidos para servirem o país, os cidadãos e ajudar a melhorar e a espalhar para todas as famílias a tal dita boa qualidade de vida que só alguns (em Angola e na estranja) próximos a eles podem se gabar que têm!?

Será que os que forem escolhidos para dirigirem os destinos partidários saberão servir com amor à pátria e humanismo e ajudem a resolver as makas do povo? Enquanto isso as partilhas continuam a pipocar tragadas na famosa água do chefe, arrotando: Será que os partidos vão sacudir os maguelados e serem o que se espera ou surgirá uma terceira força que fará o que deve ser feito sem ter madie algum a "se maguelar"?