A tentação dos partidos e diferentes actores políticos em controlar, dominar e manipular jornalistas é antiga e, em muitos casos, têm sido bem-sucedidos. É, muitas vezes, parte de uma estratégia para condicionar e limitar jornalistas, mas isso não é inocente, principalmente em período eleitoral. Sabendo da força e influência da imprensa livre e independente, estas máquinas actuam no sentido de associar jornalistas e órgãos a formações políticas. Fazem um escrutínio das matérias publicadas pelos órgãos (principalmente nas suas plataformas digitais), seleccionam os conteúdos tidos como favoráveis, que devem ser amplamente partilhados, e os tidos como desfavoráveis, que são imediatamente atacados e denunciados. Mas a estratégia é, também, por via de rótulos, procurar descredibilizar jornalistas e órgãos de comunicação social. É claro que o Novo Jornal e os seus profissionais acabam sendo um "alvo apetecível" destas estruturas que tentam, sempre que possível, fazer um ataque aberto e identificado e, noutras situações, ataques mesquinhos e acobardados pela via do anonimato. Hoje parece que todos sabem mais de jornalismo que os jornalistas. Querem interferir e decidir a sua linha editorial. Adoptam um discurso de intolerância e de extremos em relação aos conteúdos jornalísticos que não vai de acordo com as narrativas que defendem nem as expectativas que criaram.
Esta semana, o humorista Gilmário Vemba associou o meu nome e imagem a um grupo de figuras a quem identificou como "a minha nata". Fazem parte das figuras escolhidas pelo humorista angolano nomes como Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku, Filomeno Vieira Lopes, Luaty Beirão, Israel Campos, David Boio, Laura Macedo, entre outros. A "nata", segundo soube, é um conjunto de figuras do campo da política, jornalismo e activismo cívico que ele admira e tem como referências. A presença dos líderes da Frente Patriótica Unida fez com que automaticamente se associasse os demais ao partido que sustenta e lidera o projecto, a UNITA. É normal e compreensível que, como resultado da publicação de Gilmário Vemba, os seus seguidores e outras pessoas nos associem ao partido em causa e às suas lideranças. Como também é justo e oportuno que volte a realçar aqui junto dos nossos leitores, assinantes e anunciantes que a actividade jornalística não se compadece com militâncias partidárias. Temos uma relação que se pretende sempre profícua e jamais promíscua com os políticos e a política, preservando sempre a nossa liberdade e independência. O nosso partido é o jornalismo! O interesse público e a nobre missão de informar com rigor, isenção, imparcialidade, verdade e objectividade fazem parte do ADN do Novo Jornal desde a sua criação, há já 14 anos. Já estamos preparados, habituados e até "vacinados" a estas colagens que se procuram fazer ao Novo Jornal, ao seu director e demais profissionais. Quem o faz, só não conhece a nossa história, trajectória, responsabilidade em prestar um relevante serviço público, de fazer pedagogia e cidadania, consolidar a liberdade de expressão e de opinião e afirmar a democracia. A credibilidade é e sempre será o nosso maior activo. Temos um compromisso sério e responsável com Angola e os angolanos. Não temos tempo, apetência e competência para andar a brincar aos partidos. Temos uma missão exigente mais estimulante: a de afirmar o bom jornalismo! Gosto de estar onde estou, como estou e com quem estou. Tenho dito que sou politicamente incorrecto, ideologicamente indisciplinado e doutrinariamente desalinhado, obviamente não sou um bom partido para os partidos. Eu não me recomendo e também sugiro que não me recomendem. O meu partido é o jornalismo e o meu CAP é o Novo Jornal!O nosso partido é o Jornalismo!
As redes sociais permitiram um maior e mais rápido acesso à informação, mas são, também, um palco privilegiado para a manipulação e desinformação. Por isso vamos tendo pessoas com acesso a muitas informações, mas que são desinformadas. A intolerância e os discursos de ódio vão conquistando o seu espaço dentro de um ambiente de violência digital em Angola e entre os angolanos e vai atingindo níveis assustadores. Aquele que devia ser um espaço democrático, de liberdades, de diálogo e interacção, de partilha de informação e de conhecimento está a tornar-se num espaço de anulação e do agora chamado "Cancelamento" virtual de cidadãos, uma perigosa máquina de ódio. Este acesso à informação faz com que muitos caiam na tentação de ser jornalistas, avaliar e escrutinar o jornalismo e até mesmo atacar gratuitamente jornalistas e respectivos órgãos.
