Se isto é verdade para os humanos - e também o é para ouros animais -, porque não para a "Casa-Mãe" dos que nela habitam e que, supostamente, porque ganharam a tal maior urbanidade, desenvolvimento e inteligência, pelo menos, dariam àquela uma melhor habitabilidade, torná-la-iam mais harmoniosa, mais aromática, mais acolhedora, mais simpática?

Pois é..., só que quase 50 anos após a Dipanda, mais concretamente 47 anos de independência, a nossa "Casa-Mãe" continua com a falta condições consideradas mais do que mínimas para que os que nela habitam possam sentir-se muito mais felizes.

De quem é a culpa? Como sempre, e nestes casos, a culpa ou morre solteira ou é sempre dos outros. Nunca foi, nunca é e nunca será dos "pais" que gerem a família. Será sempre dos "filhos" e "outros familiares" que a desaproveitam, sujam, abandalham, estragam, desmancham, inutilizam. Não se comportam como "gente".

Pois é..., mas quando os "pais" não educam convenientemente, os "filhos" poderão não se comportar com urbanidade e desconhecem a consideração pelos outros.
Como queremos que os "filhos" se sintam bem na "Casa-Mãe" se algumas das suas entradas estão sujas, deterioradas, alguns corredores imundos, nauseabundos, as mesas sem comida e a que há, nalgumas, aparenta estar estragada?

Pois é..., quem são os "pais" e quem são "os filhos"? Todos nós, sem excepção!
Dir-me-ão, e provavelmente com muita razão, que há muito não entro na "Casa-Mãe". É verdade, infelizmente - se até a angolanidade há quem ma queira tirar... -, há muito que não visito a nossa "Casa-Mãe". Mas nunca deixei de estar presente, de a sentir, de a ver, de a abraçar, sem estar presente.

Há alguns "pais" que procuram melhorar algumas coisas. Mas o problema é que muitas coisas são só melhoradas por cima. A limpeza é superficial, pouco profunda. Os micro-organismos traiçoeiros ficam lá a descansar até voltarem à ribalta para mostrar que não bastou uma mangueirada e uma borrifadela de água florida.

Eles, mais dia, menos dia, voltam. Por vezes mais fortes e mais pérfidos.

Há que varrer bem, esfregar bem, lavar bem, arejar bem para que a "Casa-Mãe" seja aquela grande Casa que todos queremos.

Realmente todos queremos uma "Casa-Mãe" rica para todos sermos contemplados nela; tecnologicamente evoluída para todos apreciarmos a sua sonoridade; educada para todos melhor compreendermos os outros; cozinha bem industrializada, tecnicamente científica e electrónica, sempre eléctrica e onde a água jorra cristalina, pura e limpa para que todos possamos comer bem, em qualidade e em melhores condições sanitárias; quartos arejados e limpos para que não vejamos os nossos visitantes procurarem as "Casas" de alguns vizinhos que, quase sem nada, tudo oferecem e com qualidade.

Pois é..., os "nossos pais" têm de aprender a viver com os "avôs" - não poucas vezes desvenerados, excepto quando deles querem alguma coisa "bonita" para mostrar a terceiros -, com os "irmãos e tios" - tal como com os avôs, por vezes só servem para mostrar aos "vizinhos e visitantes" que existem e pouco mais - e com os "filhos", com os "enteados", com os "primos" - estes, todos nós, não servimos só para sermos acarinhados nos dias de "lustros" e depois nos deixam de mãos a abanar em "quartos" onde nem nos deixam administrar, para mostrar que também somos bons...
Não! Pode ser utopia, mas queremos que, quando a nossa "Casa-Mãe" fizer 50 anos, possamos dizer, e com toda a propriedade, demorámos, mas estamos a caminhar, em definitivo, para o bom caminho. A "nossa família" está melhor, tem melhores "quartos" - porque são eles que a gerem -, definitivamente melhores condições sanitárias, melhores tecnologias, melhores aparelhos industriais e muito melhor comida e água.

Não é um sonho. É uma realidade que todos queremos ver cumprida. É altura de reflectirmos...
Bem-aventurado 11 de Novembro.

*Investigador Integrado do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (CEI-IUL) e Investigador-Associado do CINAMIL e Pós-Doutorado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**
** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado