As reformas, tanto administrativas quanto socioeconómicas, poderão ser condicionadas pela tradição administrativa centralizadora. A necessidade de se encontrar dimensões geográficas e demográficas adequadas aos novos desafios de desenvolvimento económico e social tem a regionalização como passo irreversível. Mas, afinal, do que se trata com a regionalização?
A regionalização é um exercício conjugado de operações de descentralização e de desconcentração, visando, primordialmente, o desenvolvimento harmonioso de um território e da população que nele habita.
O que se espera é a) atenuação das disparidades de nível e de qualidade de vida; b) eficácia da máquina administrativa que lhe presta serviço e que a apoia; c) participação dos cidadãos na definição e na concretização dos planos e dos projectos que hão de fazer crescer a produção, assegurar a sua distribuição justa e promover a sua qualidade de vida. O propósito maior da regionalização é o chamamento ao esforço de desenvolvimento de maior número possível de agentes, mobilizando as energias patentes e latentes que existem num dado território, com vista à criação de riqueza e à sua distribuição. Face ao agravamento dos desequilíbrios, três razões apontam no sentido de dever dar-se um grande relevo à política regional, nomeadamente: Ético-social e política: por não ser justo que as populações das regiões mais desfavorecidas vivam em condições muito abaixo da que se considera aceitável; Económica: tem em conta as des(economias) externas resultantes das concentrações excessivas verificadas nas regiões e áreas, sobretudo, urbanas que põem em causa não só o crescimento como os níveis de satisfação dos seus habitantes e, por fim, facilidades proporcionadas pelas novas tecnologias de comunicação e informação, que a promoção regional pode constituir como um modo de aumentar o desenvolvimento com um aproveitamento mais completo e eficiente dos recursos disseminados pelos territórios.
Em Angola, o novo ciclo de regionalização que se pretende está condicionado a recuos e avanços: a expressão de cautelas e receios de incapacidade para o exercício das competências correspondentes e de temor pelos riscos de desagregação nacional; o aumento das dificuldades de coordenação da acção; a falta de escala territorial. Todos esses argumentos são conhecidos pelos angolanos. Continuam a vencer as forças que travam a descentralização.
É preciso entender que a regionalização é um factor fundamental na consolidação do regime democrático. Mais do que pôr holofotes sobre a questão das fronteiras, devemos criar hábitos de participação e de abordagem do problema do desenvolvimento no quadro espacial de interesse (as regiões).

A regionalização em Angola tem pleno cabimento como instrumento de desenvolvimento. A tarefa mais difícil será, certamente, a coordenação das acções. Por exemplo, se existe e persiste uma situação de assimetria de desenvolvimento entre o litoral e o interior, parece sensato recomendar que se atribua a alguém a responsabilidade de promover o equilíbrio, legitimando-o para tal.