África é um continente de imenso potencial. Temos uma população vibrante e jovem, recursos naturais abundantes e culturas diversificadas. Bem aproveitados, esses activos podem impulsionar uma nova era de liderança africana no cenário global. No entanto, para realizar esse potencial, precisamos de enfrentar os obstáculos que continuam a impedir o nosso progresso. O nosso sucesso dependerá da nossa capacidade de nos unirmos, fortalecer a governança, assegurar a paz e a segurança, bem como promover o desenvolvimento sustentável em todo o continente.
No centro da minha visão, está o princípio da unidade. A força de África reside na sua diversidade, mas é somente através de um compromisso partilhado com objectivos comuns que poderemos enfrentar os desafios complexos do nosso continente. Devemos construir laços mais fortes entre as nossas regiões, aprofundar a cooperação e fomentar maior solidariedade entre as Nações africanas. A União Africana deve ser a plataforma central para promover essa agenda, ajudando a alinhar os interesses nacionais com a nossa visão colectiva para o futuro.
Um dos principais desafios que enfrentamos é a necessidade de fortalecer a governança em toda África. A governança é a base do desenvolvimento sustentável, e as nossas instituições devem ser responsáveis, transparentes e responder às necessidades dos nossos povos. A minha liderança priorizará a consolidação das reformas institucionais em curso na UA, garantindo que a cultura de responsabilização que temos construído se torne enraizada em todos os níveis de governança. Ter leis e políticas no papel não é suficiente - essas devem ser aplicadas e implementadas para servir o colectivo, promovendo a confiança nas instituições públicas.
Não podemos construir uma África próspera sem abordar a questão da paz e segurança. Conflitos e instabilidade continuam a afectar muitas partes do nosso continente, minando o desenvolvimento e destruindo o tecido social das nossas Nações. Devemos redobrar os nossos esforços para promover a paz, focando na prevenção de conflitos, mediação e reconciliação. A iniciativa da União Africana de silenciar as armas até 2030 continua a ser uma prioridade, e eu estou comprometido em acelerar o progresso, rumo a esse objectivo. Uma África pacífica não é apenas um sonho, é uma necessidade para o crescimento económico, coesão social e bem-estar dos nossos cidadãos.
O desenvolvimento económico e social é outro pilar da minha visão para a União Africana. África é lar de algumas das economias de crescimento mais rápido do mundo, mas esse crescimento deve ser inclusivo e sustentável para, realmente, beneficiar o nosso povo. Uma das iniciativas mais transformadoras actualmente em curso é a Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), que tem o potencial de criar a maior Zona de Livre Comércio do mundo. Ao reduzir as barreiras comerciais, podemos estimular a actividade económica, criar empregos e aumentar as oportunidades para os nossos cidadãos, especialmente para os jovens, que compõem a maioria da população africana. A minha liderança concentrar-se-á em fortalecer a AfCFTA e apoiar projectos de infra-estrutura essenciais para integrar ainda mais as economias africanas e promover a cooperação regional.
No entanto, o desenvolvimento não é apenas sobre crescimento económico, deve também abordar as necessidades fundamentais dos nossos povos. Educação, saúde e protecção social são essenciais para garantir que o desenvolvimento de África seja inclusivo e sustentável. Estou comprometido a promover políticas robustas que priorizem o investimento em capital humano. Educação e formação de competências são essenciais para preparar os nossos jovens para os empregos de amanhã, enquanto sistemas de saúde melhorados nos permitirão construir uma população mais saudável e resiliente. Esses esforços devem ser apoiados por políticas direccionadas para reduzir a pobreza e a desigualdade, garantindo que ninguém fique para trás.
Um componente vital dessa visão é a igualdade de género. Acredito que África não pode, verdadeiramente, progredir, a menos que desbloqueemos o potencial de todos os seus cidadãos, independentemente do género. Promover a igualdade de género significa garantir acesso igualitário à educação, saúde, emprego e participação política para mulheres e meninas em todo o continente. Devemos trabalhar juntos para eliminar a discriminação e a violência de género, criando uma sociedade onde todos tenham a oportunidade de prosperar e contribuir para o futuro de África. Isto não é apenas uma obrigação moral, mas essencial para o desenvolvimento económico e social.
Também não podemos ignorar o papel crucial da diáspora africana no desenvolvimento do continente. A diáspora africana representa um vasto reservatório de conhecimento, competências e recursos financeiros que podem ajudar a impulsionar a inovação e o crescimento económico em África. Estou comprometido em fortalecer os laços com a diáspora, incentivando o seu envolvimento activo no desenvolvimento de África por meio de investimento, empreendedorismo e partilha de conhecimento. A diáspora tem papel fundamental na formação do futuro de África, e devemos criar mais oportunidades para que possam contribuir para o progresso do continente.
África deve desempenhar papel mais proeminente e influente no cenário global. A União Africana é a voz do continente em fóruns internacionais, e devemos garantir que o nosso continente seja devidamente representada nas instituições globais, onde são tomadas decisões que afectam o nosso futuro. Estou comprometido a fortalecer a presença e a influência de África em organizações internacionais, trabalhando para promover os interesses económicos, políticos e de desenvolvimento do continente. África deve participar na transformação global e ser uma líder na definição do futuro do mundo.
Em conclusão, a minha visão para a União Africana coloca as aspirações do povo africano no centro de tudo o que fazemos. Acredito numa África unida, pacífica e próspera - um continente onde cada cidadão possa prosperar. Podemos realizar esta visão juntos, mas isso exigirá uma liderança ousada, um esforço colectivo e uma determinação inabalável. O futuro de África está nas nossas mãos, e estou comprometido a trabalhar com todos os africanos para construir a África que queremos.
Qualquer que seja o cenário após o 5 de Novembro de 2024 nos EUA, o importante para Angola é a busca permanente do equilíbrio nas relações com os diferentes actores globais, procurando sempre preservar os seus próprios interesses nacionais e a sua soberania.
A cooperação no âmbito do Corredor do Lobito tem tudo para se transformar numa oportunidade destinada, não apenas a fortalecer as relações económicas entre Angola e os Estados Unidos, mas também para promover um desenvolvimento mais inclusivo da região da SACC.
*Ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti