Num espaço curto de tempo, dois cidadãos brasileiros agitaram as redes sociais com verdades inconvenientes sobre uma realidade que não se esconde mesmo que se tenha sugerido no passado dizer que o País está bom e que se recomenda, um autêntico paraíso.

O primeiro falou de forma mais séria, talvez ferindo umas sensibilidades, viu a necessidade de vir a terreiro esclarecer o seu posicionamento, prestando justificações e esclarecimentos e desculpando-se para evitar que se colocasse mais lenha na fogueira. O segundo troçou e foi-se embora contente com sentido de missão cumprida, conseguindo soltar umas gargalhadas da sua audiência. Em ambos os casos o denominador comum foi o "recado".

Na primeira situação, há quem diga que o interlocutor se comportou mal, que foi demasiado acutilante, colocou o dedo na ferida. Parece que o ditado "quem diz a verdade não merece castigo" não lhe valeu de nada pois só serve para os pais descobrirem o que os filhos malcomportados estão a fazer. Houve aqui uma tentativa de matar o mensageiro. Algo parecido quando há uns anos foi dito que os técnicos da AGT eram surdos. A verdade é que já se ouve um pouco mais.

Na segunda situação, o foco não foi tanto o interlocutor da graça mas sim o que estava subentendido na sua mensagem. Claro que os visados podem fazer as interpretações que quiserem, uns puxando a carroça para a falta de coragem dos jornalistas para perguntarem e reportarem de forma isenta e outros justificando a existência da mão invisível da censura que alimenta as bocas de muitos.

Os bem-comportados costumam normalmente estar associados ao que é bom e progridem por mérito e não por amiguismo. Todavia há uns que são bem-comportados de fachada. Cada um dos visados que faça a sua introspecção e tire as suas ilações para depois confirmar o seu estatuto e o seu compromisso com um jornalismo responsável, transparente, honesto e que oiça (e reporte) os vários lados da história.