Numa actividade que roçou a mobilização dos antigos Sábados Vermelhos, em que o amor à camisola e a esperança eram pretextos para pequenos sacrifícios, foi possível, com recurso a muitos ingredientes, promover uma rápida lavagem de cara da cidade capital e os seus arredores. Essa, ressacada e ressabiada, adormeceu um pouco mais limpa sem, contudo, cheirar melhor.

Um curativo temporário foi aplicado por cidadãos voluntariados por outros cidadãos que se esqueceram da planificação e dos princípios da boa gestão. Do nada, surgiram vassouras, pás, carrinhos de mão e outros utensílios ausentes e meios que incluíram resíduos a passearem de comboio. Uma viagem ao sabor de um vento quente que não traz notícias frescas e que leva os maus cheiros para um destino lixoso.

Na falta de uma gestão cuidada, de derrapagens regulares nos prazos e na dificuldade de corrigir o que está mal, o uso de voluntários pode ser uma solução temporária para os males da Nação. Na falta de um cansado, e quiçá extinto, movimento nacional espontâneo, o Estado poderia subsidiar a criação do movimento nacional do voluntário.

Seriam recrutados voluntários para ajudar no alavancar da economia e na conclusão das tarefas estruturantes. Cidadãos estariam engajados na finalização das obras do PIIM, no cumprimento das penas dos outros que precisam de estar fora para continuar a cometer crimes, embrenhados em travar o avanço do deserto e noutras tarefas que o Estado, de forma recorrente, não consegue cumprir.

Outra área onde haverá, com toda a certeza, voluntários será para prestar alguma ajuda à procriação, permitindo ao alegado milhão de casais angolanos, que dependem da inseminação artificial para concretizar o sonho de ser pais. Importa aqui ressalvar que a ajuda destes termina no processo de procriação e que caberá aos futuros pais tratarem os seus filhos como filhos e não como enteados, honrando as suas obrigações, e educando as suas crias.