Falando na abertura da 3.ª Cimeira para o Financiamento de Infra-estruturas em África, que decorre até sexta-feira em Luanda, João Lourenço, actual Presidente em Exercício da União Africana, reafirmou o compromisso de Angola em trabalhar com todos os Estados-membros, instituições financeiras e parceiros internacionais.

Destacou que o desenvolvimento de infra-estruturas é essencial para criar empregos, promover o comércio e melhorar as condições de vida das populações, esperando que a cimeira "facilite o diálogo de alto nível e alcance resultados concretos no financiamento dos projectos".

O chefe de Estado lembrou que Angola assinala a 11 de novembro os 50 anos de independência, destacando o desenvolvimento de grandes infra-estruturas como o novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, a construção de aeroportos em capitais provinciais, a ampliação dos principais portos nacionais e o novo porto de águas profundas do Caio, em Cabinda.

João Lourenço afirmou que a energia eléctrica gerada em Angola tem capacidade para atender às necessidades do país, à qual a barragem hidroeléctrica de Caculo Cabaça vai acrescentar 2.172 megawatts (MW), e lembrou que existe "um enorme potencial energético por aproveitar" se forem construídas novas barragens, incluindo o projecto transnacional de Baynes, partilhado com a Namíbia.

"No conjunto dessas potenciais fontes de produção de energia hidroeléctrica podem-se ganhar mais de 8.000 MW adicionais, que podem colocar o país a produzir 14.845 MW nas próximas duas décadas", disse, advertindo, no entanto, que é preciso investir na rede de transmissão e distribuição para que a energia chegue a todo o território.

Neste âmbito, está prevista a ligação de Cabinda à rede nacional de energia a partir do Soyo, por via de um cabo submarino.

"É nossa intenção partilhar com os países vizinhos da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e da África Central parte da energia que produzimos, desde que surjam investidores interessados em construir as linhas de transportação de energia, num regime de parceria público-privada", frisou o Presidente angolano, que apontou ainda o desenvolvimento de infra-estruturas de água e telecomunicações.

Neste campo, adiantou, Angola está a investir em mais um satélite para observação da Terra e a alargar a rede nacional de fibra óptica em todo o país.

João Lourenço referiu também a necessidade de encontrar "as melhores soluções de financiamento de infra-estruturas, não apenas para servir cada país isoladamente, mas sobretudo para que possam partilhar essas infra-estruturas no âmbito da integração regional e continental".

Entre estas, destacou a importância do Corredor do Lobito, "para Angola, para a região da SADC e para a economia mundial, por encurtar o tempo do transporte marítimo entre a Ásia, África, Europa e a América, e, consequentemente, baixar os custos dos bens e produtos de exportação".