O militante do MPLA e aspirante à presidência do partido, António Venâncio, considera que tudo o que se tem dito sobre o congresso extraordinário do partido anunciado pela direcção do MPLA para Dezembro, não passa de especulação, sendo a única novidade a ansiedade dos militantes de ver múltiplas candidaturas.
"A convocação do congresso extraordinário ditará a agenda dos assuntos a serem debatidos. Por enquanto, tudo que se fala sobre este conclave é apenas especulação", disse ao Novo Jornal o candidato que já viu a sua candidatura rejeitada no VIII Congresso Ordinário de 2021.
De acordo com o também arquitecto de formação, o MPLA, sendo um partido histórico, deve, neste momento, dar espaço para outros militantes poderem candidatar-se à presidência dos "camaradas".
"Isto nunca aconteceu desde a liderança dos falecidos Presidentes António Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos e agora com o próprio Presidente João Lourenço, que no congresso de 2021 concorreu à sua própria sucessão", lamentou o político.
Segundo ele, para a eleição ao cargo de Presidente do MPLA está previsto o princípio das múltiplas candidaturas e listas, com tratamento igual para todos os concorrentes.
"No VIII Congresso Ordinário de 2021, João Lourenço foi único candidato à sua própria sucessão. Os próprios militantes do MPLA querem que este quadro mude para o bem do partido e do próprio País", referiu.
Na opinião de António Venâncio, para o cargo de presidente do MPLA, o termo "candidato do partido" está desde há muito ultrapassado, frisando que a direcção não tem competências estatutárias para indicar qualquer candidato único.
"Relancei o processo da minha candidatura à presidência do partido para o próximo congresso, com a finalidade de ajudar no processo de democratização interna no seio do MPLA", acrescentou, frisando que não existe "candidato do partido", quando se trata do cargo para o órgão singular presidente do partido.
"Há grandes viragens que o partido está a fazer para a democracia interna", afirmou António Venâncio, sublinhando que os estatutos do MPLA são de feição democrática e estão "agora alinhados" aos preceitos constitucionais de liberdade e de democracia interna da organização.
António Venâncio, que antevê alguns constrangimentos com a decisão de relançar a sua campanha, disse que no caso de uma vitória no próximo congresso, aponta a democratização interna do MPLA como prioridade.
"Vou implementar os programas do partido no seio da população e familiarizar os militantes com os estatutos, de modo a conhecerem os direitos e deveres que constam nos documentos", prometeu.
António Venâncio diz não acreditar no terceiro mandato do Presidente da República, frisando que, a acontecer, seria "uma violação flagrante" da Constituição.
"O Presidente João Lourenço é militante do MPLA, ele tem de respeitar a os estatutos do partido e a Constituição da República de Angola. E todos nós, militantes, somos obrigados a acatar os ditames da mesma", sublinhou.
Lembrou que o próprio Presidente da República, tem vindo a manifestar a sua indisponibilidade de concorrer o terceiro mandato à frente dos destinos do País.
Questionado sobre a realização das eleições autárquicas nesta legislatura, António Venâncio respondeu que a falta da democracia interna vem dificultando, ao longo dos anos, a sua realização.
"São eleições que exigem a criação de condições, mas por falta da democracia interna, o MPLA nunca mostrou interesse de realizar estas eleições importantes para o desenvolvimento do País", explicou.
Higino Carneiro, o primeiro a falar sobre candidatura
Informações que circulam em certos sectores da sociedade apontam a intenção do militante Higino Carneiro poder vir a candidatar-se à liderança do partido para ocupar a vaga que será deixada por João Loureço.
A vários órgãos da comunicação social, Higino Carneiro admitiu que estava a ponderar concorrer à liderança do MPLA, mas é necessário que o Comité Central do MPLA defina os passos para que surjam candidaturas.
"Havendo essa oportunidade, estarei na linha da frente", disse o general, que foi governador das províncias de Luanda e do Kuando Kubango e ministro das Obras Públicas (2001-2010), a um portal local.