O escrutínio baseou-se na contabilização de 437.651 votos, distribuídos por 13.226 assembleias de voto, das quais foram escrutinadas 628 (4,75%), distribuídas de forma proporcional pelas 18 províncias para obter uma amostragem representativa.
Na projecção apresentada em conferência de imprensa apenas 422 votos separam o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, do presidente do MPLA e recandidato ao cargo de Presidente da República, João Lourenço, com 205.252 votos atribuídos aos "maninhos" contra 204.830 no partido dos "camaradas".
"Não podemos dizer que os resultados favoreceram o candidato A ou o candidato B, não existe essa vantagem, há um empate de 48%, há uma vantagenzinha que não é suficiente para tomarmos posição, excepto a de poder pôr em causa os dados oficiais", sublinhou o activista e `rapper` Luaty Beirão.
Na segunda-feira, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana anunciou os resultados finais com uma vitória, com maioria absoluta, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com 51,17%, um resultado contestado pela UNITA, que obteve 43,95%.
O objectivo era chegar aos 500.000 votos contados, objectivo ainda não atingido "porque são necessárias actas de outras províncias, para que a amostra seja representativa e equilibrada", explicou Luaty Beirão.
"Muitas das actas, ao contrário do que estipula a lei, não foram afixadas o que truncou um pouco a nossa capacidade de ir mais longe, mas continuaremos enquanto houver o diferendo desde que tenhamos mais atas, para que os 164 municípios estejam representados de forma proporcional e para que a amostragem seja representativa", salientou.
Luaty Beirão considerou que a CNE "desrespeitou e atropelou todas as leis possíveis" ao não afixar as actas em todas as assembleias de voto e assinalou que "a UNITA tem uma responsabilidade acrescida perante a sociedade", já que tem acesso a estes documentos, através dos delegados de lista.
"Eles estão a fazer uma contagem paralela, não é uma projecção e ontem fizeram um anúncio bastante contundente que vão pedir a impugnação de todo o processo. É muito importante que apresentem os dados e as proporções das suas contagens", declarou o coordenador do Mudei.
Luaty Beirão defendeu que "se o resultado oficial é duvidoso" deve haver uma confrontação das actas.
"Nós, eleitores, é tudo o que nós queremos, queremos ter a certeza da fiabilidade dos resultados apresentados pelo órgão oficial, daí pedirmos que sejam publicadas as actas", disse.
O Mudei apresentou também a sua posição pública sobre o acto eleitoral em Angola, afirmando "categoricamente que as eleições gerais de 24 de agosto de 2022, não foram justas, nem transparentes e resultaram na perversão dos princípios que deve reger um Estado verdadeiramente democrático e de direito".