O Plano de Trump, que foi desenhado pelo seu enviado especial para o conflito no leste europeu, Keith Kellogg, general reformado, passa por um cessar-fogo, aceita que a Ucrânia não adere à NATO, mas aponta para o envio de uma força internacional de paz para a linha da frente.
Para a Federação Russa, segundo Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, como de resto o próprio Presidente Vladimir Putin tem repetido, só será aceitável falar de uma "solução global que resolva o prolema em definitivo".
"A Rússia não aceita um cessar-fogo temporário ou o congelamento do conflito porque isso servirá apenas para que o ocidente rearme a Ucrânia de forma a que as hostilidades voltem a deflagrar", apontou.
Explicou ainda, citada pela RT, que o Kremlin não aceitará menos que "uma solução sólida, legalmente blindada e no contexto de um mecanismo que garanta que não voltará a acontecer uma crise" nem a possibilidade de "o regime de Kiev ser rearmado para voltar à guerra e à vingança".
Esta posição de Moscovo não é nova e já foi anunciada em diversas ocasiões, tendo mesmo Kremlin feito saber que sem uma "solução global e legalmente escudada", as forças russas continuarão a avançar na linha da frente, aproveitando a clara vantagem que possui actualmente.
Ignorando esta posição, o Presidente norte-americano, que veio da campanha eleitoral com a promessa de terminar rapidamente este conflito, usando para se expressar a ideia de que o ria fazer em 24 horas, mantém a aposta no plano do seu enviado especial para Kiev e Moscovo.
Nesse plano, Kellog, que estará em Munique para o apresentar, ao lado do vice-Presidente JD Vance, insiste que russos e ucranianos devem aceitar o cessar-fogo, a presença de uma força internacional de interposição, sob garantia de que Kiev aceita a neutralidade exigida pelo Kremlin.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que vai estar em Munique, já disse aceitar negociar com Putin, passando por cima do decreto que o próprio assinou proibindo-se de falar com os russos, enquanto Putin for Presidente, mas exige algumas condições claramente extravagantes.
Quer que o ocidente apoie Kiev a manter e armar um Exército de um milhão de soldados, que o ocidente coloque armas nucleares na Ucrânia, que os aliados da NATO enviem pelo menos 200 mil militares para a linha da frente de forma a impedir o retomar das hostilidades pela Rússia...
Mesmo que estas condições sejam propositadamente excessivas para efeitos negociais, os russos não estão disponíveis sequer para iniciar quaisquer conversações se estas não passarem por garantir as suas condições básicas, que apresentam na condição de quem está a vencer a guerra.
E estas passam por garantir, através de acordos internacionais, mudanças constitucionais ou legais, e com a supervisão a acordar, que a Ucrânia não adere à NATO e que Kiev aceita a integral integração das regiões anexadas em 2014 e 2022 (Crimeia, Lugansk, Kherson, Donetsk e Zaporizhia) na Federação Russa.
A presença de forças militares estrangeiras não será possível e a língua, cultura e religião russa serão reconhecidas na Ucrânia pós-guerra, além de que estes processos deverão ser conduzidos a par de negociações entre os EUA e a Rússia para a assinatura de um acordo global de segurança na Europa.
Entretanto, na linha da frente, onde a Rússia avança com rapidez em várias frente sobre territórios ucranianos, em Kursk, região russa tomada parcialmente pelos ucranianos em Agosto de 2024, as forças de Kiev estão a realizar esta semana uma forte ofensiva para alargar a sua presença em território russo.
Foi o próprio Presidente russo que admitiu que está a atravessar uma situação difícil em Kursk, depois de se ter encontrado com o governador desta região.
E o ministério da Defesa russo veio já dizer, segundo The Guardian, que a Ucrânia está a avançar depois de ter enviado para a frente de Kursk dois batalhões mecanizados para a área da frente de Sudzha, a maior cidade dentro dos territórios conquistados pelos ucranianos.
Também o Presidente Zelensky se referiu a estes avanços em Kursk como um grande feito do seu país, atribuído medalhas de mérito aos militares que o estão a conseguir.
Recorde-se que Kiev já disse que não pretende manter-se em Kursk, estando apenas a conquistar território russo para usar como moeda de troca nas negociações por territórios conquistados pelos russos no leste do país.