O momento foi o da apresentação de Marc Fogel (ambos na foto), antigo funcionário da embaixada dos EUA em Moscovo e, depois, professor na capital russa, que estava detido, condenado a 14 anos de cadeia em 2021 por posse e tráfico de drogas, mas que algumas fontes relacionam como tendo ligações à CIA.
Nessa apresentação de Fogel, Trump afirmou que Vladimir Putin teve um comportamento exemplar nesta libertação, o que o libertado confirmou agradecendo o "sentido de Estado" do Presidente russo.
No mesmo instante, Donald Trump relacionou, por vontade própria e não por ter sido questionado pelos jornalistas, ao processo de negociações que visam acabar com a guerra na Ucrânia, fazendo questão de salientar que a libertação de norte-americanos detidos em Moscovo é um passo relevante no que está a ser feito para pôr termo ao conflito.
"Os russos foram justos e razoáveis na negociação" para a libertação de Marc Fogel, enfatizou Trump, que ainda disse que não pediram "quase nada" em troca pela libertação de um norte-americano que cumpria uma longa sentença de prisão desde 2021, notando ainda a "boa fé" do Kremlin.
O mesmo tom foi usado para dizer que os EUA foram "tratados de forma muito simpática" pela Rússia, "o que espero ser o princípio de uma relação que permita acabar com a guerra onde milhões de pessoas estão e já morreram".
E teve ainda oportunidade para referir, quando para isso questionado pelos jornalistas, se tratou pessoalmente desta libertação, e de outra que terá lugar nas próximas horas, que apreciou "muito o que o Presidente Putin fez para que Marc Fogel pudesse voltar a casa".
Depois de ter usado uma entrevista (ver aqui) para tecer comentários elogiosos a Putin em claro detrimento de Kiev, onde chegou a dizer que a Ucrânia "pode voltar a ser russa", alguns analistas estão agora a defender que Trump está com um claro pendor para procurar acabar com a guerra em negociações preferenciais com a Rússia.
Face a esta aproximação entre Trump e Putin, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem estado a recuar abruptamente (ver links em baixo) nas suas condições para aceitar um acordo de paz com Moscovo.
E a última cedência foi conhecida numa entrevista esta terça-feira, 11, a The Guardian, onde admite trocar territórios da Ucrânia pelo fim do conflito com a Rússia, embora peça, ao mesmo tempo, que os EUA falam parte das garantias de segurança internacionais para o seu país, dizendo que apenas os europeus não são suficientes para o efeito.
Acrescentou também que pretende trocar as áreas que os ucranianos ocuparam na região de Kursk em Agosto do ano passado por parte da Ucrânia ocupada pelos russos.
Porém, esta moeda de troca pode ter pouco valor facial perante Moscovo visto que o território ocupado em Kursk, apesar de escasso, menos de 800 kms2, tem sido um vasto cemitério de material de guerra ocidental e de milhares de soldados ucranianos (russos também), com poucas hipóteses de ali poder manter uma presença consolidada por muito tempo.