"Estivemos reunidos numa das unidades hoteleiras aqui em Luanda no dia 27 de Maio. Foi um encontro informal a pedido do próprio líder da UNITA", disse aos jornalistas João de Almeida Azevedo Martins, que reagia a declarações de Adalberto COsta Júnior, num encontro que ocorreu em meados de Julho, em Luanda.

"Jú" Martins frisou que Adalberto Costa Júnior disse nesse encontro que "negociou" com altos dirigentes do topo do MPLA, para a transição do poder político em Angola.

"Há muito tempo que o presidente da UNITA vinha solicitando este encontro. As suas declarações são graves", referiu o político, sublinhando que o poder não é negociado, conquista-se pelo voto, insistindo que em momento algum foi abordada a questão de uma transição negociada.

Neste encontro de duas horas, segundo o secretário do Bureau Político do MPLA para Assuntos Políticos e Eleitorais, conversou-se apenas sobre questões que têm a ver com a comunicação social e a publicação das listas por parte da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

"Uma pessoa que quer ganhar eleições não pode fazer declarações irresponsáveis", apontou o dirigente do MPLA.

Fonte das UNITA disse ao Novo Jornal, sem tecer qualquer comentário às declarações em questão, que o líder do partido está a caminho do Bié e que na primeira oportunidade que julgar conveniente reagirá a estas acusações do secretário do Bureau Político do MPLA para Assuntos Políticos e Eleitorais.

No entanto, numa gravação áudio que está a circular nas redes sociais - cujo contexto, data e razão de ser não é perceptível no seu conteúdo, o que dificulta a interpretação e reduz a clareza da mensagem - é audível a voz do líder da UNITA onde este confirma que abordou com dirigentes de topo do MPLA a questão da transição e ainda a ideia de que o partido no poder não está disponível para abdicar da condução da gestão em Angola, sublinhando o candidato do partido do "Galo Negro", naquilo que parece um encontro limitado, que essa ideia que subsiste no seio do MPLA é fruto do facto histórico de terem "ganhado a guerra", que terminou há duas décadas.

Adalberto explica nesse áudio que foi "procurado por dirigentes de topo do MPLA", diz ainda que entende ser essencial "abordar a questão da transição" e que esse encontro contou com a "autorização do Presidente da República".

Acrescenta que disse de forma clara a esses mesmos "dirigentes de topo" do MPLA, que agora se sabe que contou com a presença de "Jú" Martins, entre outros, que o melhor era aproveitar estarem a lidar com uma UNITA democrática e tolerante para definir alguns parâmetros pós eleitorais "porque eles (o MPLA) já perderam as eleições" e é "melhor negociar agora que depois de perderem".

É ainda relevante o facto de tal encontro já ter ocorrido há semanas e só agora, por intermédio do secretário do Bureau Político do MPLA para os Assuntos Políticos e Eleitorais, ter sido conhecido do grande público, o que demonstra que o que ali se passou não vazou por acção de nenhum dos indivíduos que o presenciou.

Estão autorizados para concorrem às eleições gerais de 24 de Agosto, os partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN, PHA e P-NJANGO e da coligação CASA-CE.

Do total de 14,399 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.

A votação no exterior terá lugar em países como a África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), a Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e a República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi).

Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi).