Com esta denúncia, feita na apresentação dos resultados preliminares do primeiro cruzeiro levado a cabo pelo navio de investigação "Baía Farta", no qual o Estado investiu 80 milhões de dólares norte-americano, a governante mostrou que Angola continua a emitir sinais de debilidades em matéria de fiscalização.
"Nunca pediu autorização para cá estar", assinalou a ministra, ao sublinhar que a sua actividade despertou até mesmo o Centro de Monitorização da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
De acordo com Carmen do Sacramento, o alerta tem sido dado, inúmeras vezes, pela sua confrade da República de Moçambique.
"A nível internacional, já são observados símbolos falseados, e eu, claro, sinto-me envergonhada", avançou a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, antes de ter denunciado que a embarcação gambiana tem o apoio de dois "primos".
Presume-se, conforme refere, que os "primos" [barcos nacionais] tenham contacto com o meio estrangeiro na hora do transbordo, acto de passagem, no alto mar, de peixe de um barco para outro.
Sem ter avançado a proveniência, notou que uma outra embarcação estrangeira opera em Angola em condições similares, tendo a sua entrada sido autorizada pela Autoridade Marítima Nacional (AMN).
Carmen do Sacramento deu a conhecer que, numa perspectiva de disciplinar os infractores, o seu pelouro não vai autorizar a saída do País, necessária para o regresso à origem.
"Se tentar [sair] sem a nossa autorização, seja para que País for, cairá no circuito da pesca ilegal e não autorizada", vincou.
Na apresentação dos resultados deste cruzeiro, um exercício que vai permitir aferir a situação do cachucho, corvina, garoupa, roncador e camarão de profundidade, em curso desde o dia 1 de Outubro, os Serviços de Fiscalização Pesqueira fizeram saber que não têm meios à altura das embarcações que cometem as infrações.
O foco deste cruzeiro, agora a caminho do Namibe, são as espécies demersais, mas a particularidade a ter em conta é que o carapau, espécie pelágica, está, nesta altura, com nove centímetros de comprimento, quando deveria levar já mais de 20.
"A situação é muito preocupante, senhora ministra, exige mais fiscalização e também consciência dos operadores", disse a presidente da Associação de Pescas de Benguela, Naty Viegas.
Na ocasião, Carmen dos Santos anunciou o fabrico de lanchas capazes de chegar a 200 milhas em duas horas, admitindo que os meios colocados à disposição pela Polícia estão sem capacidade de resposta.