Chegou o ano de 2022! O calendário político angolano reserva, no decurso deste ano, um facto que se vai juntar aos mais importantes acontecimentos da história d"Angola-Independente: as eleições gerais previstas para Agosto próximo. Será o quinto pleito do percurso democrático que o País começou a construir em 1992. As eleições gerais de 2022 ganham particular destaque pelo facto de a expectativa apontar para um elevado grau de concorrência, sobretudo entre «eternos» adversários políticos - MPLA e UNITA. Aliás, a composição, ainda por se definir, do grupo de concorrentes ao escrutínio é, também, uma das muitas incertezas que animam as expectativas à volta do próximo pleito.

ACJ: «pedra no sapato» do MPLA

Não constituindo dúvida a presença da UNITA no pelito previsto para Agosto próximo, a prudência do jogo político aconselha cautelas quanto à atribuição a Adalberto Costa Júnior do estatuto de cabeça-de-lista do «galo negro» nas eleições gerais que se avizinham. ACJ é, segundo um discreto plano eleitoral do MPLA, a que o Novo Jornal teve acesso em exclusivo, «alvo a combater até à exaustão» pelos camaradas. Aliás, a anulação, pelo Tribunal Constitucional (TC), do congresso de 2020 é associado a este plano, pelo que a conjuntura e as práticas políticas impõem um suspense sobre o futuro de ACJ nas próximas eleições gerais, mesmo depois de repetido, em Dezembro último, o congresso da UNITA que o voltou a eleger presidente do partido que aspira, há décadas, ser Governo em Angola...

Chivukuvuku PRA-DEPOIS?

Abel Chivukuvuku integra a vasta lista de incertezas à volta das eleições gerais de 2022. Depois de deixar a CASA-CE, uma coligação de partidos políticos que, em apenas cinco anos, ajudou a tornar-se na terceira maior força política do País, Chivukuvuku tem vivido um pesadelo na longa jornada de inscrição, junto do Tribunal Constitucional, do seu novo projecto politico PRA-JA Servir Angola. Aliás, a predisposição de AC de integrar a direcção da Frente Patriótica Unida (FPU), na condição de segundo rosto da «coligação», é vista como um sinal de algum desespero do político forjado na UNITA e que persegue o trono da Cidade Alta, um sonho que, entretanto, pode afirmar-se: não se concretizará PRA JA em 2022.

O fim da histórica FNLA?

Alguns analistas da política angolana antevêem eleições gerais difíceis para a histórica FNLA, alertando para o risco de o partido fundado por Holden Roberto poder terminar extinto tão logo se conhecerem os resultados do pleito. Este desfecho é ainda mais previsível se a lógica for a queda nos votos que o partido vem registando eleições após eleições, o «envelhecimento» da sua massa militante ou a instabilidade que continua a prevalecer nas hostes do partido. No ano passado, o partido dos «irmãos» registou mais um episódio no seu já longo percurso de crises, ao anunciar dois presidentes: Pedro Dala e Nimi-a-Nsimbi, tendo este último sido eleito num congresso "reconhecido" pelo então presidente, deputado e docente universitário Lucas Ngonda. A definição da direcção legítima que irá concorrer nas eleições de Agosto engrossa, assim, a lista de dossiês sobre a mesa do Tribunal Constitucional. O estágio em que se encontra a FNLA espelha bem a descrição de que foi alvo num sigiloso estudo realizado pelo MPLA - a que o NJ teve acesso -, segundo o qual o partido subscritor do Acordo de Alvor tem "histórico em depressão política".

FPU para destronar MPLA

No ano passado, com pompa e circunstância, líderes de três formações políticas, com a UNITA à cabeça, deram a conhecer o surgimento de uma espécie de coligação pré-eleitoral que tem as baterias voltadas para destronar o MPLA no poder em Angola: a Frente Patriótica Unida (FPU). Adalberto Costa Júnior, nas vestes de presidente da UNITA, encabeça o grupo composto igualmente pelo presidente do Bloco Democrático (BD), Filomeno Vieira Lopes, e pelo coordenador do PRA-JA, Abel Epalanga Chivukuvuku. A coligação diz ter apoio significativo da sociedade civil, mas a sua composição e enquadramento no ordenamento jurídico-político angolano tem sido motivo de algumas reservas, adicionando-se a isso a incógnita sobre o futuro de ACJ na presidência da UNITA, porquanto está ainda por se conhecer a posição do TC quanto à validação do congresso de Dezembro último.

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