"Acabámos de receber a visita do Presidente Joe Biden dos Estados Unidos da América, o que nos deixa a todos muito orgulhosos pelo que isso significa para a imagem de Angola e as perspectivas de atracção do investimento privado estrangeiro e a possibilidade de os empresários angolanos investirem no mercado americano", afirmou o também Presidente da República.
Elencando as necessidades do País - mais escolas, melhor saúde, investimento no turismo e postos de trabalho, defendeu que é necessária uma grande aposta na formação dos quadros angolanos.
"Com a grande pressão demográfica a que assistimos, precisamos nos próximos anos de garantir maior oferta de energia e água potável para os cidadãos e as indústrias, mais habitação construída por todos os agentes - o Estado, o sector privado, as cooperativas e os próprios cidadãos -, através da autoconstrução dirigida", defendeu.
Lourenço reforçou a necessidade de construir mais escolas do ensino de base, para reduzir "consideravelmente o número de crianças fora do sistema de ensino", assim como investir mais nas infra-estruturas do sistema nacional de saúde, sobretudo na rede primária, acrescentando que é preciso "formar cada vez mais profissionais de saúde e da educação".
Para garantir o desenvolvimento do país nas próximas décadas, João Lourenço falou da necessidade de "fazer um esforço maior com a educação e a formação de quadros nos diferentes domínios do saber, da ciência e da tecnologia".
"Estes são alguns dos problemas da vida real e quotidiana que devem preocupar e ocupar a atenção do Partido, por impactarem na vida quotidiana do cidadão angolano, a quem jurámos servir", destacou.
João Lourenço falou igualmente da atenção que Angola dispensa ao resto do mundo, nomeadamente os vários conflitos e as alterações climáticas, que têm também repercussão no País, defendendo que "cada país deve fazer a sua parte, como contribuição ao esforço global que todos estamos obrigados a fazer".
"Em Angola, estamos a mudar a matriz energética do nosso país fazendo a transição que se impõe, com a redução do consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, privilegiando a energia de fontes limpas, como a hidro-eléctrica, a solar e a de biomassa, esta última ainda em carteira", explicou.
"A energia dessas fontes amigas do Ambiente já representa hoje 65% da energia produzida em Angola, com tendência a aumentar logo que tivermos a energia da rede nacional a interligar o Gove à Matala, Belém do Huambo ao Lubango, Ondjiva e Moçâmedes, assim como Malanje a Xá-Muteba, Saurimo, Dala, Luena e Dundo", continuou João Lourenço.
João Lourenço defendeu que tem sido o MPLA o garante das transformações do País, nomeadamente a instauração da democracia multipartidária, vincando que o seu partido deu a Angola aeroportos, escolas, hospitais de vários níveis, parques foto-voltaicos, barragens...
Destacou a construção de infra-estruturas de combate à seca no sul de Angola, para pôr fim ao "calvário" de milhares de pessoas.
Já no final do discurso, João Lourenço informou os participantes neste congresso de uma reunião do Comité Central.
"Para nos ajustarmos aos grandes desafios que teremos de enfrentar, rejuvenescendo o Bureau Político e o seu Secretariado".
O VIII Congresso do MPLA conta com a participação de 2.000 delegados de todo o território nacional e do exterior do País e decorre sob o lema "MPLA, da independência aos nossos dias - os desafios futuros"
Neste congresso, os delegados vão analisar os resultados económicos e sociais obtidos desde a independência nacional, bem como questões específicas para o funcionamento da organização, identificando os pontos fortes e fracos e os desafios político-eleitorais.
Segundo apurou o Novo Jornal, dos 131 artigos que compõem os estatutos do MPLA, prevê-se a revisão do artigo 120, que hoje estabelece que o Presidente do partido encabeça a lista de candidatos, pelo círculo nacional, e é também candidato a Presidente da República, abrindo portas à bicefalia no poder.
O conclave acontece depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter rejeitado a providência cautelar para suspender o congresso, interposto pelo militante e candidato assumido à liderança do partido, António Venâncio.
Este órgão de soberania considerou que António Venâncio não apresentou provas dos prejuízos que poderiam advir da deliberação do Comité Central do MPLA sobre o congresso e que não se verificaram os pressupostos para conceder a providência cautelar.
Reagindo à decisão na sua página de Facebook, António Venâncio sublinha que o TC ignorou as principais violações que motivaram a providência cautelar e decidiu dar continuidade ao processo mediante uma acção principal, que dará entrada "em tempo oportuno" na secretaria judicial do TC.
Embora não sendo electivo, este congresso é aguardado com "muita expectativa", numa altura em que muitos militantes influentes do partido estão contra a alteração dos estatutos.
É o caso do militante, Fragata de Morais, que, em declarações ao Novo Jornal, lançou críticas ao seu próprio partido e chamou a atenção para o que se está a passar em Moçambique.
Manifestou-se contra a alteração dos estatutos no VIII Congresso Extraordinário, sublinhando que só um conclave ordinário tem competência para o fazer.
Neste Congresso Extraordinário, segundo analistas políticos, o partido no poder deverá definir estratégias para os futuros desafios políticos.
Refira-se que MPLA já realizou sete congressos extraordinários, tendo, em cinco deles, nomeadamente em Dezembro de 1980, Abril de 1991, Maio de 1992, Abril de 2011 e Junho de 2019, feito ajustamentos aos estatutos do partido.
Em 1977, o MPLA realizou o seu primeiro congresso, que elegeu António Agostinho Neto presidente do MPLA.
O MPLA foi fundado em 1956 e isso ocorreu num contexto de repressão colonial portuguesa em Angola. O partido rapidamente se tornou um símbolo da resistência anticolonial e mobilizou amplos sectores da sociedade angolana na luta pela independência.
Ao longo de 14 anos de luta armada, o MPLA enfrentou duras batalhas contra as forças coloniais portuguesas.
O partido também se destacou pela sua actuação política, mobilizando a população angolana e buscando apoio internacional para a causa da independência.
Em 1975, com o fim da guerra colonial portuguesa, o MPLA proclamou a independência de Angola.
João Lourenço terminou esta curta intervenção sublinhando a ideia de que o Comité Central reunirá logo após o Congresso com o objectivo de proceder aos ajustes necessários para "enfrentar os grandes desafios" que o mundo apresenta nestes tempos.
E sublinhou que esses ajustes terão um passo decisivo no "rejuvenescimento do Bureau Político e no seu Secretariado".
Manifestou ainda o desejo de que este Congresso decorra sob o signo da camaradagem e que obtenha resultados "benéficos para Angola".