O jornal britânico explica que o Pegasus é um malware que infecta iPhones e dispositivos Android para permitir que os operadores da ferramenta extraiam mensagens, fotos e e-mails, gravem chamadas e activem microfones secretamente.

Os ficheiros contêm uma lista de mais de 50.000 números de telefone que, acredita-se, foram identificados como de pessoas de interesse por clientes da NSO desde 2016.

"A presença de um número de telefone nos dados não revela se um dispositivo foi infectado com Pegasus ou sujeito a uma tentativa de hack. No entanto, o consórcio acredita que os dados são indicativos dos alvos potenciais dos clientes do NSO", lê-se no jornal britânico, que avança que a análise forense de um pequeno número de telefones cujos números apareceram na lista que vazou também mostrou que mais de metade tinha traços de estar infectada pelo spyware Pegasus.

O The Guardian e o consórcio prometem revelar a identidade das pessoas cujo número apareceu nesta lista nos próximos dias.

"Eles incluem centenas de executivos de negócios, figuras religiosas, académicos, funcionários de ONG, dirigentes sindicais e funcionários do governo, incluindo ministros, presidentes e primeiros-ministros. A lista também contém o número de parentes próximos do governante de um país, sugerindo que o governante pode ter instruído as suas agências de inteligência a explorar a possibilidade de monitorar os seus próprios familiares, revela o The Guardian.

As revelações começam no domingo, com a divulgação de que os números de mais de 180 jornalistas constam dos ficheiros. Há repórteres, editores e executivos do Financial Times, CNN, New York Times, France 24, The Economist, Associated Press e Reuters...

O documento inclui também o número do jornalista mexicano Cecilio Pineda Birto, morto a tiro algumas semanas após o seu nome ter surgido na lista.

Outros nomes que fazem parte dos ficheiros, que incluem um chefe de Estado e dois chefes de Governo europeus, deverão ser divulgados nos próximos dias.

Os jornalistas associados à investigação, baptizada Projecto Pegasus, encontraram-se com algumas das pessoas na lista e tiveram acesso a 67 telefones, que foram submetidos a um exame técnico num laboratório da Amnistia Internacional.

A ONG confirmou a infecção ou tentativa de infecção pelo 'spyware' do grupo NSO em 37 dispositivos, incluindo 10 na Índia, de acordo com um relatório publicado no domingo.

Estas revelações vêm juntar-se a um estudo divulgado em dezembro de 2020 pelo Citizen Lab, um centro de pesquisa especializado em questões de ataques informáticos da Universidade de Toronto, no Canadá, que confirmou a presença do 'software' Pegasus nos telefones de dezenas de empregados do canal Al-Jazeera, no Qatar.