A comitiva foi impedida de avançar por um "forte dispositivo de órgãos de defesa e segurança comandado pelo segundo comandante provincial da Polícia Nacional que alega que não tem ordens para deixar os deputados entrar na localidade".
Recorda-se que o Grupo Parlamentar da UNITA enviou uma delegação de deputados ao município do Cuango, província da Lunda Norte, para apurar as circunstâncias de um alegado acto de rebelião ligado ao "Movimento Protectorado Lunda Tchokwe", que resultou em seis mortos, na vila do Cafunfo, segundo a versão da polícia, e pelo menos 16, de acordo com a versão do Movimento.
Segundo uma nota do Grupo Parlamentar da UNITA, depois desta averiguação no local, apuradas as circunstâncias em que ocorreram os acontecimentos, o partido do "Galo Negro" vai solicitar uma comissão parlamentar de inquérito.
A UNITA lamenta ainda a postura "parcial dos órgãos de comunicação social públicos, no tratamento destes acontecimentos, pois ao arrepio da Lei não foram ouvidas as vítimas, agora acusadas de rebelião, violando o princípio do contraditório".
"O Grupo Parlamentar da UNITA condena a insensibilidade do Executivo angolano perante a morte de cidadãos angolanos, pelo simples facto de pensarem de modo diferente, pondo em causa o pluralismo de expressão e de opinião, que são fundamentos do estado de direito democrático", lê-se na nota, apelando os órgãos de justiça a responsabilizarem civil e criminalmente os autores destas mortes.
"O Grupo Parlamentar da UNITA reitera o seu compromisso com a defesa dos valores da paz, da vida e da dignidade da pessoa humana e endereça às famílias enlutadas os seus mais profundos sentimentos de pesar", finaliza a nota.
No dia 31 de Janeiro, o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, considerou, "estável e tranquila" a segurança pública na vila mineira do Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte, salientando que o número de mortes subiu de quatro para seis, estando um inspector-chefe da Policia Nacional em estado crítico, a receber assistência médica.
Segundo o comissário-geral Paulo de Almeida, alguns elementos do movimento estão identificados e a acção da Polícia Nacional vai continuar, para se encontrar os cabecilhas do atentado e tomar as medidas que se impõem, levando-os ao tribunal.
O movimento Protectorado Lunda Tchokwe tinha convocado para sábado último, uma manifestação para apelar o Governo angolano que negoceie a autonomia daquela região, com base num acordo entre o povo Lunda-Tchokwe e o Governo colonial português, que não foi tido em conta após a independência de Angola.