"Tivemos que nos adaptar às circunstâncias. De momento estamos a trabalhar para o nosso regresso", disse ao Novo Jornal o deputado Joaquim Nafoia, salientando que a polícia não lhes permitiu entrar na área dos acontecimentos.
"Queriamos investigar os acontecimentos de Cafunfo, mas as forças de segurança impediram-nos de passar, alegando ordens superiores. Mesmo assim, recolhemos alguns dados", acrescentou.
Na sexta-feira, 05, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse que a retenção de cinco deputados à entrada do Cafunfo é a confissão clara do massacre praticado naquela região e da ocorrência de operações de limpeza na zona.
Por outro lado, o presidente da Assembleia Nacional de Angola recusou qualquer responsabilidade sobre a missão de cinco deputados da UNITA retidos à entrada de Cafunfo, província da Lunda Norte.
Em comunicado, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, referiu que tomou conhecimento que se encontrava na região de Cafunfo um grupo de deputados da UNITA, "em alegadas diligências que não engajam a Assembleia Nacional".
Recorde-se que a 30 de Janeiro, várias pessoas foram mortas pelas forças da ordem quando, segundo a Polícia Nacional protagonizavam um "acto de rebelião armada" e, de acordo com o auto-denominado Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, se desenrolava uma "manifestação pacífica".
O número de mortos é igualmente desencontrado de acordo com a polícia, sendo seis as vítimas, mais de 20, segundo o Movimento.
A oposição e várias organizações da sociedade civil já pediram um inquérito independente ao que sucedeu naquela trágica madrugada na Lunda Norte, se foi uma resposta adequada das forças de segurança a um acto de rebelião armada e secessionista ou se foi abuso de força desproporcionada perante uma manifestação que não apresentava perigo relevante.
Entretanto, já num comunicado divulgado agora, a UNITA, depois de reunido o seu Comité Permanente, elogia a "crescente maturidade cívica" dos angolanos pela forma como reagiram aos acontecimentos de Cafunfo, registando com "bastante repulsa" o "massacre" ocrrido a 30 de Janeiro, condenando-o "energicamente", reafirmando que a retenção dos deputados é uma confirmação das piores suspeitas.
No documento, a UNITA "deplora profundamente a falta de solidariedade" do Presidente da Assembleia Nacional que lavou as mãos "qual Pôncio Pilatos" ao ter "abandonado os deputados da UNITA à sua sorte", apelando à união na condenação ao sucedido e lembrando que "a cultura do dividir para melhor reinar (...) já deu lições suficientes, levando a que muitos angolanos fossem exilados em 1975, privando o País de quadros" essenciais.