A preocupação da oposição surge numa altura em que um surto de malária e dengue está a atingir algumas regiões do País, com a província de Benguela onde se regista o maior índice de ocorrências de malária e dengue, e onde são contabilizados dois mil casos diariamente.

O porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, não compreende como é que Angola, com "fortes relações" de cooperação com Cuba, não consegue reproduzir o seu Sistema de Saúde, "país onde foram formados milhares de quadros angolanos", na sua maioria a frequentar o curso de medicina.

"Fico admirado por é que o Executivo não imita o Sistema de Saúde de Cuba", disse ao Novo Jornal Mrcial Dachala, destacando que Cuba aposta e cuida do serviço básico, gratuito e universal de saúde que oferece à sua população.

O responsável do principal partido da oposição chamou a atenção ao Executivo para não dar apenas atenção à pandemia de Covid-19, mas também às restantes doenças que estão a ser mais agressivas.

"A malária está a fazer mais vítimas do que Covid-19", frisou Marcial Dachala sugerindo que Angola invista em mosquiteiros e medicamentos para prevenir a doença.

O secretário-geral do PRS, Rui Maloba Miguel, lamentou que o sistema de saúde montado no País não esteja a dar resposta a várias outras doenças, algumas delas endémicas no País.

Preocupado está também o presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, que considera "muito grave", a situação de malária na província de Benguela.

"Visitámos os municípios do Cubal e Chongoroi e a situação é mesmo crítica. Para além da malária, a fome está matar muitas pessoas. As pessoas comem ração animal e têm problemas de saúde", lamentou.

"Estou munido com informações suficientes relativamente à situação de saúde que afecta as províncias de Benguela, Namibe e Huíla que visitei. Nos próximos debates no Parlamento, a situação será agendada para análise", prometeu.

"O Executivo, com as suas políticas incapazes, não consegue controlar a mortalidade materna, a mortalidade infantil, o controlo das grandes endemias, enquanto milhões de dólares são desviados sob o olhar das autoridades", acrescentou, defendendo ser necessário mais investimentos na Saúde Pública.

O director provincial da Saúde de Benguela, António Manuel Cabinda, afirmou, em declarações à Rádio Nacional, que o município mais afectado é o Lobito, acrescentando que, devido à situação, as unidades sanitárias estão a registar enchentes, sobretudo a nível dos serviços pediátricos, com uma taxa de ocupação três vezes acima da sua capacidade.

"A província de Benguela está a viver um surto de malária e dengue, em malária a província está com uma média de 2.000 casos por dia e tem estado a registar um óbito em cada 400 casos diagnosticados", declarou.

Também em Luanda as urgências dos principais hospitais da província registam elevada procura, o que obriga a que os pacientes fiquem largas horas à espera de serem atendidos, estando mesmo algumas destas unidades em risco de ruptura da sua capacidade de atendimento.

A malária e as doenças diarreicas são apontados pelos médicos com quem o Novo Jornal falou como sendo as principais patologias por detrás desta situação preocupante.

Os enormes amontoados de lixo e as chuvas que caíram sobre a província de Luanda são, segundo o Sindicato Nacional dos Médicos em Angola, os factores-chave para o agravar da situação sanitária em Luanda.

As enchentes nas principais unidades sanitárias de Luanda foram constatadas numa ronda que o Novo Jornal realizou, em maio, pelos hospitais Geral do Cazenga, Cajueiro, Américo Boa Vida, David Bernardino e Josina Machel "Maria Pia" tendo verificado também uma grande morosidade no atendimento aos pacientes.

Segundo dados estatísticos, nos primeiros três meses deste ano, o País registou 2.884 mortes por malária e metade das vítimas são menores de cinco anos.