Pelo contrário, a marcha anunciada na quinta-feira pela UNITA recebeu hoje o apoio dos partidos da oposição parlamentar CASA-CE e PRS e ainda do Bloco Democrático, que estiveram reunidos no gabinete do Grupo Parlamentar da UNITA.

Segundo fizeram saber ao Novo Jornal, estes partidos esperam agora que "o MPLA, na Assembleia Nacional, mostre ter percebido o que o Presidente da República pretendeu dizer com esta decisão de devolver a questão aos parlamentares".

"Esperamos um consenso no Parlamento sobre esta matéria porque o que o Presidente da República disse com esta decisão foi que a Lei tem de ser revista para garantir a verdade eleitoral, a lisura e a igualdade entre os concorrentes, deixando claro que reconhecia que tal não estava garantido", disse ao Novo Jornal um dos elementos que participou neste encontro.

disponibilidade

Para já, este grupo de partidos da oposição mostra total disponibilidade para conseguir estabelecer uma base de entendimento com o MPLA, o partido que sustenta o Governo chefiado pelo Presidente João Lourenço.

"Em nome da transparência, lisura, credibilidade e verdade eleitoral, queremos que se aprove uma Lei o mais democrática possível e com maior consenso que a mesma possa ter", lê-se numa declaração política dos partidos UNITA, CASA-CE, PRS e deputados não representados em Grupos Parlamentares, apresentada hoje, em conferência de imprensa.

Segundo o documento "a Lei ora aprovada padece de um défice acentuado de legitimidade, em termos de representatividade da pluralidade política nacional para a construção da inclusão nacional, porque os votos favoráveis do partido no poder contribuem em apenas 20 por cento para a construção da unidade nacional".

A declaração identifica as normas tidas como carecendo de reapreciação, nomeadamente, os cadernos e actas eleitorais e a votação antecipada sem a presença de delegados de lista, a identificação biométrica do eleitor, para permitir a unicidade de votos, o apuramento municipal, provincial e nacional, a transparência na publicação dos resultados eleitorais e a organização, funcionamento e a composição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE)...

Os signatários acreditam que o Grupo Parlamentar do MPLA está em "plenas condições" de garantir neste caso a solução mais consensual que afirme a democracia e fortaleça a unidade nacional.

A marcha

Apesar de elogiarem o "veto" de João Lourenço, estas forças políticas não encontraram razão para desconvocar a marcha agendada para Sábado pela UNITA, junstando-se agora os restantes partidos a esta manifestação.

A concentração está marcada para as 13:00 de Sábado, no Cemitério da Santa Ana, e deverá seguir de seguida para o Largo 1º de Maio, em Luanda.