João Lourenço, que discursava na abertura do Fórum de Alto Nível das Mulheres da Região dos Grandes Lagos, que decorre em Luanda, disse que a experiência de Angola na construção da paz após um longo conflito armado ensinou a importância de envolver as mulheres em todas as etapas dos processos de paz.

"Angola, como País anfitrião deste fórum e com a actual presidência em exercício da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos, reafirma o seu compromisso com a promoção da paz, da segurança e da igualdade de género", referiu.

Salientou que Angola tem exercido o seu papel para a prevenção e resolução de conflitos com várias acções de mediação e iniciativas diplomáticas, trabalhando incansavelmente com parceiros regionais e internacionais para garantir que a estabilidade do continente seja um compromisso permanente com o desenvolvimento sustentável, a segurança e o bem-estar de todos os cidadãos africanos.

"Entre os esforços que vimos encetando para a paz e segurança no nosso continente, merecem destaque os mecanismos que promovem uma abordagem centrada no diálogo para a prevenção e resolução de conflitos", disse.

Na sua opinião, as mulheres, como cuidadoras, educadoras e líderes comunitárias, têm assumido a liderança em iniciativas de paz nas comunidades, actuando como mediadoras e negociadoras em conflitos locais, "edificando a confiança tão necessária neste tipo de processo, transpondo divisões e facilitando o diálogo".

"Devemos continuar a incentivar as acções neste domínio porque, no final de cada pequeno balanço, elas contribuem realmente para uma África mais segura e próspera, onde a integração real e a valorização das mulheres nas políticas de defesa, segurança interna, resolução de conflitos e participação na fase pós-conflito devem constituir prioridade para o desenvolvimento integral do nosso continente", salientou.

Para o Chefe de Estado angolano, "os efeitos dos conflitos armados repercutem-se muito para além das fronteiras dos países intervenientes, porque desestabilizam toda uma região, atrasam o crescimento económico, exacerbam a pobreza e impedem os esforços para melhorar os cuidados de saúde, educação e desenvolvimento social".

"Não podemos deixar de destacar a dura realidade por que passam mulheres, raparigas e crianças nas zonas de conflito, quer como refugiadas, quer forçadas a desempenhar papéis de combatentes ou mesmo de chefes de família, frequentemente sujeitas a violência sexual, privadas da educação, sendo-lhes roubado, por isso, o futuro", notou.

"Os desafios que enfrentamos são enormes e as suas repercussões demasiado abrangentes. A paz na região dos Grandes Lagos não é apenas uma necessidade para os seus habitantes, mas também para todo o continente africano.

Devemos trabalhar em conjunto - governos, sociedade civil, organizações regionais e parceiros internacionais -, para reforçar os acordos de paz, apoiar os esforços de reconciliação e garantir que a ajuda humanitária chegue aos mais necessitados", acrescentou.

De acordo com o Presidente angolano, "uma África próspera e pacífica, dirigida pelos próprios cidadãos e que representa a força dinâmica na arena internacional" tem de ser um continente onde a paz já não seja uma aspiração, mas sim uma realidade diariamente vivida por todos os cidadãos, onde mulheres e raparigas vivam livres do medo da violência, onde as crianças possam crescer, aprender e quando jovens e adultas, contribuir para o desenvolvimento dos nossos países e para o progresso social partilhado por todos.

"Esta visão da África que queremos depende de nós, e, por isso, está ao nosso alcance, mas exige um compromisso inabalável de todos. Devemos trabalhar com crianças e jovens, a quem deve ser inculcada a cultura de paz e tolerância através da educação para a paz, da solidariedade, da cooperação intercontinental, da harmonia social e transformação económica", referiu.

Disse que os povos congolês e ruandês clamam por uma paz duradoura entre estas duas nações e nada melhor do que esse sentimento ser transmitido por organizações femininas dos dois países, até porque em todos os conflitos armados são sempre as mulheres e crianças as principais vítimas.

"Tenho a plena convicção de que as conclusões e recomendações do presente Fórum de Alto Nível serão objecto de acolhimento pelos Estados africanos no seu todo, porquanto reafirmam a importância da promoção da democracia participativa no continente, do diálogo, de incentivo a políticas e acções em todas as fases de resolução de conflitos, protecção de comunidades vulneráveis, reintegração social, capacitação e construção de uma paz inabalável para as gerações vindouras", salientou.