João Lourenço deixou, numa mensagem na sua página oficial nas redes sociais, o seu "apreço" pelo trabalho dos jornalistas.

"O meu apreço vai hoje para os jornalistas e outros profissionais que fazem da liberdade de imprensa um instrumento poderoso para o fortalecimento da Democracia e a promoção da paz social e desenvolvimento", disse João Lourenço na sua página oficial no Facebook.

Pronunciando-se sobre esta data, João Pinto, deputado do Grupo Parlamentar do MPLA, lembrou que em Angola as normas de exercício da liberdade de imprensa reconhecem a liberdade sem censura nos artigos 40° e 44° da Constituição.

"É importante conjugar a liberdade de expressão com a imprensa e nisto pode haver colisões que podem levar a restrições ou limitações por força dos artigos 56° e 57.° da mesma Constituição", referiu

"É verdade que nem sempre os jornalistas são entendidos no exercício da sua profissão na busca das fontes, na recepção da mensagem para os destinatários e o juízo de aceitação, rejeição ou censura que sofrem em todo mundo", acrescentou.

O secretário para os Assuntos Eleitorais da UNITA, Francisco Mumbika, disse que Angola vive um claro retrocesso na liberdade de imprensa apontando haver factores como a autocensura.

Referiu que apesar de garantias constitucionais de liberdade de expressão os jornalistas angolanos praticam a autocensura devido a ameaças de despedimentos, detenções e perseguição.

"Infelizmente os jornalistas não são livres na cobertura dos eventos. As matérias que jornalistas fazem sofrem censuras nas redacções, sobretudo nas iniciativas da oposição", acrescentou, apontando o dedo claramente aos media estatais ou na esfera do Estado.

Recordou que o facto de o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, não ter sido entrevistado pela Televisão Pública de Angola (TPA) e outros órgãos estatais é falta de liberdade de imprensa.

"Quem fica prejudicado não é a UNITA, mas os angolanos", sublinhou.

A CASA-CE exorta o Executivo a melhorar as condições objectivas e subjectivas para garantir o pleno exercício da liberdade de imprensa, nos marcos da Constituição e da Lei.

O líder do Grupo Parlamentar Alexandre Sebastião André, criticou a "censura permanente" feita pelos órgãos públicos quando se trata de matérias ligadas aos partidos políticos da oposição.

O Bloco Democrático lamenta que a passagem de vários órgãos de comunicação social privados para o controlo do Estado, nomeadamente, a Rádio Mais, a TV Zimbo, Palanca TV e ZAP Viva, veio "cercar" ainda mais a liberdade de imprensa.

Segundo uma nota de imprensa do BD, "o sentido da liberdade de imprensa é um longo percurso de resistência feita de perseguições, prisões e mortes".

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado no dia 03 de Maio. A data foi criada em 20 de Dezembro de 1993, com uma decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas e celebra o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e marca o dia da Declaração de Windhoek, uma afirmação de imprensa junto com a UNESCO.

Secretário-Geral da ONU sobre este dia

António Guterres diz, na sua tradicional nota sobre este dia divulgado na página oficial da ONU, que o trabalho dos jornalistas é fundamental na procura de transparência de quem governa e na sua responsabilização de quem detém o poder, "muitas vezes correndo sérios riscos pessoais".

O chefe das Nações Unidas diz ainda que está consciente de que os profissionais dos media correm cada vez mais riscos e esse risco cresce a cada dia que passa, com uma crescente e preocupante "politização do seu trabalho".

E notou que, se por um lado, a digitalização trouxe mais democracia no acesso à informação, por outro, criou "novos e sérios desafios".

Deixou uma frase nesta nota onde demonstra estar bem ciente de um dos mais graves problemas que a profissão de jornalista vive nestes dias: "O modelo de negócio de muitos dos media está baseado no empenho em causa e não na procura de informação verdadeira e confirmada, o que permite um aumento generalizado da mentira e das provocações".

E, entre ouros pontos sublinhados nesta declaração, Guterres apontou como negativo o facto de as tecnologias digitais estarem também a facilitar a vida dos censores concluindo, num recado cujos receptores estão bem definidos, que "sem liberdade de imprensa não há democracia e sem liberdade de imprensa não existe liberdade de todo".