Segundo descrevem os media estatais que acompanham a comitiva de João Lourenço nesta deslocação oficial a Espanha, após a passagem pelos EUA, o Rei Filipe VI aproveitou o discurso cerimonial do almoço que juntou as duas comitivas em Madrid para agradecer ao seu homólogo ter colocado o seu país, durante o discurso da sua tomada de posse, em 2017, na lista dos países prioritários para aquilo que pretende ser o futuro de Angola no contexto internacional.

E se o objectivo de João Lourenço era, com esta visita oficial a Espanha, consolidar o relacionamento estratégico com Espanha, país de quem pretende obter contributos essenciais para desenvolver o sector industrial e comercial angolano, pelo menos teoricamente isso foi conseguido, como demonstra a forma como Filipe VI prontamente aceitou o convite do Chefe de Estado angolano.

E, como o Novo Jornal explicava aqui, antes da chegada de João Lourenço a Madrid, o Rei de Espanha sublinhou a importância que Angola tem para Madrid no quadro do programa estratégico "Foco África 2023" aprovado pelo Governo espanhol e no qual o país europeu pretende agigantar-se no continente africano através de uma agressiva política económica e diplomática para a qual conta estrategicamente como países como Angola, Senegal ou África do Sul.

Este programa, com o qual Madrid pretende mesmo chegar à condição de ponta de lança da União Europeu no que concerne à sua política activa para África que, como se sabe, passa por enfrentar a crescente e avassaladora presença da China no continente africano, onde os tradicionais players europeus e norte-americanos estão há décadas a perder terreno para o gigante asiático.

E o Rei disse-o de forma clara: "Angola ocupa um lugar de máxima importância na hora de estabelecer novos vínculos com outros Estados" por parte de Espanha, contando, para isso, com a aposta de João Lourenço na experiência empresarial espanhola para levar a bom porta a diversificação da economia nacional, ainda grandemente dependente do sector petrolífero.

Antes deste encontro seguido de almoço com o Rei, João Lourenço esteve com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, que tinha estado em Luanda a 06 de Abril último, onde deu a conhecer o "Foco África 2023" e com João Lourenço estabeleceu as bases daquilo que começa a ser uma das principais frentes externas da diplomacia económica nacional e que o Presidente da República quer que vá ainda mais longe, nomeadamente na questão dos encontros de natureza política que visa acertar agulhas

Voltando ao almoço estratégico oferecido pelo Rei de Espanha, aí João Lourenço explicou detalhadamente o porquê de ser Espanha uma das suas grandes apostas.

"Pretendemos, com esta visita, estabelecer uma verdadeira parceira estratégica com o vosso país, reforçando os laços de amizade e cooperação em importantes domínios da nossa economia, com destaque para a política, educação, agricultura, energia, construção civil, pescas, saúde, defesa e segurança", assinalou, citado pela Angop.

O PR foi mais longe: "É nossa pretensão contar com o vosso apoio e experiência, para que Angola volte a trilhar o caminho do crescimento e desenvolvimento, afectado pela crise da Covid-19, que trouxe consigo a pior recessão económica já mais vivida pelo mundo".

Mostrou o quão importante este momento foi ao lembrar que ele acontece apenas cinco meses depois de Pedro Sanches ter estado em Luanda, o que "traduz a expressão das boas relações de cooperação entre Angola e esta tão importante nação da União Europeia".

O Chefe de Estado evidenciou o facto de Angola estar entre as prioridades na cooperação com as nações do continente africano definidas por Madrid e garantiu que Angola está disponível "para edificar, na prática, uma base de cooperação mutuamente vantajosa" para os respectivos "povos e países".

E prometeu que está a construir uma nova Angola que quer "mais transparente, de concorrência leal nos negócios e com um ambiente de negócios cada vez mais amigo do investidor" a partir da reposição da autoridade das instituições do Estado, tornando "Angola um país mais atractivo como destino turístico e mais seguro para o investimento privado".