Com ironia, o líder do grupo parlamentar do maior partido da oposição, pergunta; "Onde anda o nosso Presidente de 2017 e 2018, dialogante com os partidos políticos da oposição?".

Liberty Chiaka protagonizou hoje a primeira reacção da UNITA às palavras fortes de João Lourenço, proferidas na quarta-feira, antes do início da reunião do Conselho de Ministros, onde este disse que os episódios de segunda-feira apontam para a materialização de um "macabro plano de ingovernabilidade", através do fomento da vandalização de bens públicos e privados, incitação à desobediência e à rebelião, "na tentativa da subversão do poder democraticamente instituído".

E acrescentou o Chefe de Estado: "O que ocorreu na segunda-feira foi um verdadeiro acto de terror, cujas impressões digitais deixadas na cena do crime são bem visíveis".

Face a estas declarações, Chiaka sublinhou que de 2020 até hoje, o País regrediu, sendo evidente que estão a ser nomeados para liderar as estruturas do partido no poder "pessoas radicais" com o objectivo de criar instabilidade e acusar a UNITA para daí tirar dividendos que só o MPLA conhecerá.

"Rejeitamos todas as tentativas de manipulação e intimidação da opinião pública com o fim de criar cenário de caos e de incitamento de ódios", atirou o dirigente do partido do "Galo Negro".

Que disse ainda que este cenário está a ser impulsionado pela imprensa estatal, que está "capturada de forma a permitir cumprir com este objectivo".

Recorde-se que, após a transmissão das palavras do Chefe de Estado, a Televisão Pública de Angola passou uma peça onde faz uma ligação directa entre os acontecimentos de segunda-feira e o maior partido da oposição.

Isto, depois de a UNITA se ter desmarcado e criticado os actos de vandalismo ocorridos naquele dia, nomeadamente na sede distrital do MPLA no Benfica e a destruição pelo fogo de um autocarro afecto ao Ministério da Saúde, sem relação com os transportes públicos.

É ainda de lembrar que foi o dirigente máximo do MPLA em Luanda, o seu secretário provincial, Bento Bento, quem, ainda nessa manhã de segunda-feira, disse que a UNITA tinha de explicar o sucedido porque foram avistados elementos entre os que protagonizaram o "ataque" ao edifício do seu partido no Benfica, com as cores do "Galo Negro".

Estabelecendo uma relação entre a violência e a UNITA, Bento Bento levava a discussão para um patamar superior, e mais perigoso, porque punha, pela primeira vez em duas décadas - a guerra acabou em 2002, a 04 de Abril, comemorando-se este ano o 20º aniversário da Paz - em confronto, ainda que sem recurso a armas, as duas forças que se digladiaram entre 1975 e 2002, quase ininterruptamente, num dos mais fratricidas conflitos militares do continente africano.