Essa crescente preocupação com o Bengo, mesmo que seja em Luanda que ocorrem mais casos, tanto de infecções como de mortes desde o início da epidemia, ficou demonstrada pela visita que a ministra da Saúde ali efectuou este fim-de-semana.

E o foco da atenção de Sílvia Lutucuta está nos municípios do Dande, Barra do Dande e Panguila, no que diz respeito à província do Bengo, por ser ali que estão a surgir mais casos e mais mortes associadas à infecção da cólera.

Esta inquietação é ainda mais relevante quando se sabe de estudos realizados ao longo de décadas que, em África, por cada uma das infecções confirmadas laboratorialmente, há pelo menos quatro por identificar ou confirmar.

A razão mais comum para esta discrepância é a ausência de material de laboratório para testar os casos suspeitos sem margem para dúvidas ou porque nalgumas circunstâncias são casos assintomáticos que, apesar de não mostrarem sinais da doença, são dispersores da infecção na comunidade.

De acordo com a nota do Ministério das Saúde relativamente às últimas 24 horas, foram notificados ao Centro de Processamento de Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Direcção Nacional de Saúde Pública, 157 casos de cólera.

Destes, 76 na província de Luanda, concentrados nas áreas de (Cacuaco 55, Hoji Ya Henda 8, Sambizanga 4, Belas 3, Cazenga 2, Viana 2, Talatona 1 e Maianga 1), 57 na província do Bengo (Barra do Dande 22, Dande 21, Panguila 13 e Úcua 1), 19 na província do Icolo e Bengo (Sequele 18 e Bom Jesus 1), 4 na província do Cuanza Sul (Libolo 4) e 1 na província de Malanje (Malanje 1).

Nas últimas 24 horas foram registados 4 óbitos, 2 na província do Bengo (Dande 2), 1 na província do Cuanza Sul (Libolo 1) e 1 na província de Luanda (Hoji Ya Henda 1).

Actualmente, estão internadas 270 pessoas com cólera.

O comunicado do MINSA acrescenta que, "devido ao surgimento de novas áreas da propagação da doença, a população alvo estimada para a vacinação foi reajustada, tendo passado de 930.572 para 1.079.476 habitantes".

O documento prossegue ditando que desta população foi vacinada um total de 925.573 pessoas, o que corresponde a uma cobertura vacinal de 86,0% da população alvo.

Do total vacinado, 626.079 foi na província de Luanda, 228.058 na província de Icolo e Bengo e 71.436 na província do Bengo.

Desde o início do surto, foi reportado um total cumulativo de 3.043 casos, sendo 1.501 na província de Luanda, 1.119 na província do Bengo, 390 na província do Icolo e Bengo, 9 na província do Cuanza Sul, 6 na província do Huambo, 5 na província do Zaire, 5 na província da Huíla, 5 na província de Malanje, 2 na província do Cuanza Norte e 1 na província do Cunene, com idades compreendidas entre 2 e 100 anos, dos quais 1.703 (56%) do sexo masculino e 1.340 (44%) do sexo feminino.

Ocorreram desde o início do surto 101 óbitos, dos quais 46 na província de Luanda(Cacuaco 24, Hoji Ya Henda 5, Sambizanga 4, Mulenvos 3, Cazenga 3, Belas 2, Kilamba Kiaxi 2, Kilamba 1, Samba 1 e Viana 1), 41 na província do Bengo (Nambuangongo 14, Dande 12, Panguila 6, Barra do Dande 6, Úcua 2 e Quibaxe 1), 12 na província do Icolo e Bengo(Sequele 9, Catete 2 e Cabiri 1) e 2 na província do Cuanza Sul (Quibala 1 e Libolo 1).

O grupo etário mais afectado é o dos 2 aos 5 anos de idade com 470 casos e 13 óbitos, seguido do grupo etário dos 10 aos 14 anos de idade com 403 casos e 8 óbitos.