O Novo Jornal apurou, junto de fontes da PGR, que continuam guardados a "sete-chaves" os nomes dos supostos envolvidos na rede organizada de contrabando de combustíveis e que ainda não há arguidos constituídos.
Segundo as fontes, tal cenário resulta da falta de provas materiais incriminatórias das pessoas visadas na acusação feita pelo general Francisco Furtado, ministro de Estado e Chefe da Casa Militar da Presidência da República.
"O crime de contrabando de combustível é como as drogas! Apanham-se as mulas mas dificilmente os barões. O que está a acontecer neste processo é que as pessoas detidas e investigadas não querem apresentar as provas que incriminam os `barões', daí termos dificuldades para acusar as figuras que estão a ser investigadas", descreu a fonte do Novo Jornal.
Entretanto, outra fonte explicou que a PGR não quer cometer o erro de acusar uma alta figura do aparelho do Estado e não conseguir provar em tribunal a acusação.
"O fiscalizador da legalidade não trabalha com presunções nem especulações, trabalha com provas materiais. Daí muitas vezes o processo ser demorado para ser concluído, não é que não se esteja a trabalhar nele, estamos, sim", afirma a fonte.
Em Setembro do ano passado, o procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, disse à imprensa que, após recolhidas as provas e confirmadas as investigações, os nomes dos supostos envolvidos serão tornados públicos.
Em finais de Outubro de 2024, como noticiou o Novo Jornal e confirmado dias depois pela vice-PGR, a Procuradoria-Geral da República, através da sua Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DINIAP), começou a notificar algumas figuras do aparelho do Estado, supostamente envolvidas na rede do contrabando de combustível, alegadamente desmantelada pela Casa Militar do Presidente da República.
Segundo a Casa Militar, entre os envolvidos estão governantes, antigos governantes, oficiais generais, oficiais comissários, autoridades administrativas, provincial e municipais, bem como autoridades tradicionais.
O ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, denunciou, na cidade do Soyo, no Zaire, no mês de Setembro, o envolvimento de altos dirigentes do País no contrabando de combustível.
Após acusação da Casa Militar, o Presidente João Lourenço, durante o seu discurso à nação, no Parlamento, em Outubro, acusou igualmente políticos e parlamentares de estarem igualmente envolvidos no contrabando de combustível, defendendo que devem ser "exemplarmente punidos".